Surto de sarampo em Teresina? Infectologista alerta: vacina é a principal proteção

Em Teresina, a cobertura vacinal está em 40%. Em 2021, o ano terminou com uma cobertura abaixo de 70%

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Dr. Nayro Ferreira, Infectologista

O sarampo voltou a causar preocupação para as autoridades de saúde do Brasil. No Piauí, os últimos casos foram registrados em 2019, sem histórico de novas contaminações. Contudo, após registros de casos suspeitos em São Paulo, a Vigilância Sanitária de Teresina reforçou o alerta para a vacina, a principal forma de prevenção contra a doença.

A doença viral é altamente contagiosa, mas pode ser evitada com a vacinação. Em 2016, o país chegou a receber o certificado de erradicação, porém o Brasil viveu um novo surto de sarampo em 2019.

De acordo com as autoridades de saúde, é fundamental cumprir o calendário de vacinação contra o sarampo. O esquema vacinal vigente prevê duas doses da vacina: uma dose da tríplice viral ou SCR (que protege contra sarampo, caxumba e rubéola) aos 12 meses de idade e uma dose da tetra viral ou SCRV (contra sarampo, caxumba, rubéola e varicela) aos 15 meses de idade.

Em Teresina, a cobertura vacinal está em 40%. Em 2021, o ano terminou com uma cobertura abaixo de 70%.

A FMS orienta que a pessoa com esquema vacinal incompleto pode procurar uma Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima e aguardar orientação e marcação para aplicação da dose. Uma campanha de vacinação já está sendo realizada na capital e no interior, tendo como público-alvo trabalhadores da saúde, crianças de seis meses a cinco anos, e pessoas com o esquema vacinal incompleto.

O pensarpiauí conversou com o infectologista, Dr. Nayro Ferreira, que falou sobre a importância da vacinação, o retorno da doença que já tinha sido erradicada e as consequências de um surto de sarampo na capital e no país.

Veja a entrevista na íntegra:

pensarpiauí- O sarampo é uma doença que foi erradicada e acabou voltando por conta da baixa cobertura de vacinação. Esse retorno pode realmente causar um novo surto em todo o país? 

Dr. Nayro- A baixa cobertura vacinal, a baixa procura de vacina para doenças imunopreveníveis podem sim levar a novos surtos. O que nós estamos vendo, atualmente, com o sarampo. Uma doença que já foi erradicada do Brasil e, devido a baixa procura pela vacinação, voltaram a ter novos casos e pequenos surtos. 

pensarpiauí- Para as pessoas que se vacinaram, inclusive crianças, os efeitos colaterais da doença são bem menores ou podem não se manifestar? E as pessoas que não se vacinaram, o que pode acontecer?

Dr. Nayro- A pessoa que já se vacinou contra o sarampo está imune, não vai adquirir o sarampo se vacinado. A vacina oferece proteção total contra a doença. Já as pessoas que não se vacinaram podem apresentar casos graves da doença e até evoluir para óbito. 

pensarpiauí- Um surto de sarampo pode causar superlotação no sistema de saúde?

Dr. Nayro- Com certeza o sistema de saúde pode ficar superlotado devido a casos de sarampo. É uma doença extremamente contagiosa, em alguns casos extremamente grave, necessitando de internação hospitalar. Então, com certeza, pode haver superlotação do sistema de saúde tanto público como privado.

pensarpiauí- Como se proteger da doença?

Dr. Nayro- A melhor forma de proteção contra a doença é a vacinação. Não tem fórmula mágica, não tem segredo, é manter o calendário vacinal contra o sarampo em dias.

pensarpiauí- Teresina teve uma baixa adesão à vacinação contra o sarampo. O surto da doença pode ser muito grave na capital?

Dr. Nayro- Sim. Pode ser grave. Não só em Teresina, como em qualquer outro local que tem uma baixa procura pela vacina e baixa cobertura vacinal, a probabilidade de novos surtos é muito grande.