Super-ricos: 76% apoiam taxação, aponta Datafolha

Proposta de Haddad visa justiça fiscal e isenção para renda até R$ 5 mil

A proposta do governo Lula, liderada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de criar um imposto de renda mínimo para os super-ricos é amplamente apoiada pela população brasileira. Segundo pesquisa divulgada nesta quarta-feira (9) pelo Instituto Datafolha, 76% dos brasileiros são favoráveis à medida, que busca promover maior justiça fiscal no país. A informação foi publicada pela Folha de S.Paulo.

O plano prevê a cobrança de imposto de renda sobre pessoas com rendimentos mensais acima de R$ 50 mil — o que equivale a R$ 600 mil por ano — com alíquotas progressivas que chegam a até 10% para quem ganha mais de R$ 1,2 milhão anualmente. Atualmente, grande parte desses rendimentos, especialmente os oriundos de lucros e dividendos, são isentos, o que leva à situação em que os mais ricos acabam pagando proporcionalmente menos impostos do que trabalhadores formais.

Apesar do apoio popular, há ceticismo quanto à aprovação da proposta no Congresso Nacional. De acordo com a pesquisa, 49% dos entrevistados acham que o Legislativo não aprovará a medida, enquanto 47% acreditam que ela será aprovada.

Outro ponto do pacote apresentado pelo governo — a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais, a partir de 2026 — também conta com forte apoio: 70% da população é favorável. No entanto, apenas metade dos entrevistados acredita que essa mudança será aprovada pelo Congresso.

A pesquisa também revela que 64% da população afirma conhecer a proposta que amplia a faixa de isenção e aumenta a tributação sobre os mais ricos — um crescimento em relação aos 53% registrados em dezembro de 2024. Entre os que conhecem a proposta, 29% dizem estar bem informados, 28% mais ou menos informados, e 6% admitem estar mal informados. Outros 36% afirmam não conhecer o tema.

O apoio à taxação dos super-ricos varia entre os segmentos da sociedade. É menor entre empresários (54%) e estudantes (69%), mas atinge 80% entre pessoas com mais de 45 anos. A rejeição à medida é maior entre os que avaliam o governo Lula negativamente: 32% dos críticos se opõem à proposta, contra apenas 10% entre os que consideram a gestão “boa” ou “ótima”.

Já a proposta de isenção para rendimentos de até R$ 5 mil mensais encontra maior respaldo entre pessoas com mais de 60 anos (75%) e entre aqueles com ensino superior (84%). O apoio também é alto entre empresários (80%) e servidores públicos (81%). Por outro lado, trabalhadores sem registro em carteira demonstram menos entusiasmo, com 56% de aprovação.

Anunciada em rede nacional por Fernando Haddad no final de novembro de 2024, a proposta faz parte de um pacote de ajuste fiscal e foi enviada ao Congresso em março de 2025. O relator do projeto, deputado Arthur Lira (PP-AL), avalia alternativas inspiradas em propostas anteriores, como a aprovada na Câmara em 2021, que previa a taxação de lucros e dividendos e a redução do Imposto de Renda para empresas (IRPJ).

A pesquisa Datafolha foi realizada entre os dias 1º e 3 de abril, com 3.054 entrevistados com 16 anos ou mais, em 172 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.