Skaf comandou vexame histórico da Fiesp, diz Elio Gaspari

Vingativo, Bolsonaro rompeu com Skaf

Foto: Montagem pensarpiauí
Paulo Skaf

"Lembra-se daquele pato amarelo que ficava em frente à Fiesp durante as jornadas de manifestações contra o comissariado petista? O doutor Paulo Skaf, que ainda preside a instituição, poderia recolocá-lo na calçada da avenida Paulista. Ou poderia pendurar seu plástico murcho na fachada", escreve o colunista Elio Gaspari, nesta quarta-feira, na Folha de S. Paulo.

"Quem imaginou a Fiesp de Skaf pedindo qualquer coisa que desagrade ao governo, inclusive democracia, comprou um lote na Lua", ironiza.

"O vexame da Fiesp seria mais um capítulo na sua crônica de subserviência e oportunismo, mas foi um marco na história do empresariado nacional", prossegue, lembrando que até os ruralistas foram mais corajosos, em seu manifesto:

“O desenvolvimento econômico e social do Brasil, para ser efetivo e sustentável, requer paz e tranquilidade, condições indispensáveis para seguir avançando na caminhada civilizatória de uma nacionalidade fraterna e solidária, que reconhece a maioria sem ignorar as minorias, que acolhe e fomenta a diversidade, que viceja no confronto respeitoso entre ideias que se antepõem, sem qualquer tipo de violência entre pessoas ou grupos. Acima de tudo, uma sociedade que não mais tolere a miséria e a desigualdade que tanto nos envergonham”.

Vingativo, Bolsonaro rompeu com Skaf

O vingativo presidente Bolsonaro não gostou nem um pouco do manifesto em favor da harmonia dos poderes. O mandatário disse a aliados ter considerado a operação liderada pelo presidente da Fiesp uma traição. Bolsonaro  avalia que a atitude deve selar o afastamento entre eles. Já esta informação é da CNN Brasil.

Para o governo, o gesto de Skaf tem motivação política na medida em que coincide com a aproximação do projeto presidencial que vem sendo capitaneado pelo presidente do PSD, Gilberto Kassab.

O ex-prefeito de São Paulo lhe ofereceu uma vaga ao Senado na chapa que pretende lançar ao governo paulista tendo Geraldo Alckmin na cabeça de chapa e Márcio França na vice.

O Palácio do Planalto se revoltou também porque Bolsonaro nomeou Skaf para o Conselho da República em 19 de fevereiro. A indicação é vista como um gesto político relevante.

Skaf tem dito que o movimento tinha o objetivo de ajudar a estabilizar a relação entre os poderes.

Ele e Bolsonaro, porém, não se falam há semanas.

O distanciamento foi sendo maior conforme Bolsonaro foi estimulando o ministro dos Transportes, Tarcisio Freitas, a disputar o governo de São Paulo em 2022.

Skaf tinha essa pretensão. Já disputou e perdeu o cargo em 2018 e 2014.