Segurança de Lula: “O risco vem de pessoas desequilibradas, que querem fazer algo grandioso”, diz Radde

Segurança de Lula aumentou nesta sexta, depois do ataque a Cristina Kirchner

Foto: Reprodução
Lula e Cristina Kirchner

Fórum - O ataque a Cristina Kirchner na noite de quinta-feira (1) fez acender todos os alertas na campanha de Lula e, já nesta sexta, sua segurança aumentou nos atos de campanha no Pará e no Maranhão. Segundo o GSI (Gabinete de Segurança Institucional), a segurança de Jair Bolsonaro não será reforçada. Para o vereador Leonel Radde (PT, Porto Alegre), policial antifascista, o risco para Lula e demais candidatos em todo o país é menos a ação de grupos organizados e mais “ação dos lobos solitários, pessoas que se movem no ímpeto, na lógica de fazerem algo grandioso”. “O risco maior vem de pessoas desequilibradas e que estão armadas”, advertiu Radde. 

Na avaliação de policiais federais que atuam na operação, segundo O Globo, o episódio em Buenos Aires reforça a necessidade de alto aparato para proteger o petista que, em uma escala de risco de 1 a 5, foi classificado desde o início da campanha com o mais alto nível de risco.

Em Belém, a primeira modificação já pôde ser percebida com a adoção de um carro tático próximo ao veículo do ex-presidente. A viatura transportava policiais do Grupo de Operações Especiais da PF, com armamento pesado e capacidade para agir com mais contundência em incidentes de violência.

Há grande preocupação com a visita de Lula ao Rio de Janeiro, marcada para 8 de setembro, logo depois dos atos bolsonaristas de 7 de setembro, com a presença de Jair Bolsonaro. “Só o fato de ser no Rio é um risco. Nesse cenário de caos, [o risco] dobra”, disse uma fonte da segurança da campanha à CNN em caráter reservado.

Segundo Radde, em entrevista ao canal DCM nesta sexta, “o grande risco agora é a ação dos lobos solitários, pessoas que se movem no ímpeto, na lógica de fazerem algo grandioso”. Ele afirmou que “o descontrole na distribuição das armas é um fator de enorme preocupação porque pessoas sem equilíbrio emocional algum estão armadas em todo o país e é delas que vem o risco maior”. 

O ambiente na reta final da campanha e o “efeito-exemplo” do ataque em Buenos Aires potencializam o risco, explicou o vereador e candidato a deputado estadual: “Essas pessoas são motivadas pelas discussão radicalizadas nos grupos de Whatsapp e pelo efeito-exemplo de de ações como essa agora contra Cristina Kirchner. E é muito difícil precaver-se contra isso, porque não são grupos organizados, que podem ser monitorados. E o que a gente vê é que quanto mais perto da eleição, os grupos contra o Lula estão cada dia mais agressivos. Lula tem que cuidar de sua segurança. O que vimos na Argentina mostra que nem mesmo uma pessoa com esquema de segurança e cercada por seus apoiadores está segura”.

Para Radde, os casos de Juiz de Fora (2018), com Adélio Bispo de Oliveira, e agora, de Buenos Aires, com  Fernando Andrés Sabag Montiel indicam o alto risco para Lula.

Lula soube do atentado a Cristina na noite de quinta-feira enquanto se deslocava de carro do local do comício até o hotel. Ao chegar no hotel, tratou do episódio com a equipe de segurança. Na véspera, havia sido exposto a pelo menos uma situação de altíssimo risco no Amazonas, o que se repetiu no Maranhão São Luís nesta sexta. Assista ao vídeo de Manaus e veja a foto de São Luís.

Foto: Divulgação

Quanto a Bolsonaro, que tem o aparato de Estado como presidente da República a lhe garantir segurança, nada muda. Segundo integrantes do governo ouvidos por O Globo, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) considera que o protocolo de segurança estabelecido para Bolsonaro é suficiente. A preocupação é o comportamento dele, que não respeita os protocolos. “O principal empecilho continuará sendo o comportamento de risco adotado pelo próprio candidato à reeleição”, afirmaram as fontes à jornalista Jussara Soares.