Os brasileiros vão às urnas neste ano sentindo em sua saúde mental os efeitos da pandemia, do aumento da desigualdade no país e de uma escalada da violência política.
Enquanto a divulgação de pesquisas de intenção de voto já tem gerado ansiedade em eleitores, quadros como paranoia e depressão podem se acentuar à medida que as eleições se aproximam, segundo os profissionais da área.
O quadro se soma a situações em que a polarização política acabou levando ao rompimento de laços com amigos ou familiares, aumentando a sensação de isolamento. Em relação ao discurso político, há um temor de que o processo eleitoral seja violento ou de que ocorra um golpe caso o presidente Jair Bolsonaro não seja reeleito.
De acordo com uma pesquisa divulgada pela Folha de S. Paulo, feita com psicólogos e psiquiatras, as mulheres, pessoas negras, com menor escolaridade e baixa renda, além de minorias, como LGBTQIA+ e indígenas, foram as mais afetadas.
Sobre o assunto, o pensarpiauí conversou com Amanda Evlynn Lima de Almeida, psicóloga clínica com ênfase em análise do comportamento e pós-graduanda em ABA e neuropsicologia.
Confira o bate-papo:
pensarpiauí- Desde a pandemia, os brasileiros relatam problemas de saúde mental, e agora nesta eleição existe uma polarização e ânimos acirrados. Como tentar buscar um controle emocional diante desse cenário?
Amanda Evlynn- Exercitar a autoconsciência, que é a capacidade de reconhecer as próprias emoções. Para encontrar esse equilíbrio emocional, precisamos ficar atentos e trabalhado com a autorregulação, que é a capacidade de lidar com as próprias emoções e entender as mesmas.
Também a automotivação, como o próprio nome já diz, é a forma que você encontra para se manter motivado. A empatia, pois tudo que fazermos acaba afetando o outro, então se conseguimos enxergar as situações pela perspectiva dos outros, evitamos discussões desnecessárias. Com todas as questões acima citadas, refletem em uma boa interação social.
pensarpiauí- A política causa rompimento e brigas entre familiares e amigos, e até entre pessoas desconhecidas. Essas situações causam depressão e ansiedade?
Amanda Evlynn- Não só depressão e ansiedade como transtorno do pânico, suicídio e doenças psicossomáticas, que são doenças que aparecem como problemas fisiológicos que surgem através do emocional.
pensarpiauí- Na internet, como se proteger de discussões e pessoas tóxicas para blindar a saúde mental?
Amanda Evlynn- Primeiro passo é buscar ajuda profissional se isso está lhe prejudicando de certa forma a desenvolver os afazeres do dia a dia. Segundo, tentar evitar ao máximo buscar essas notícias, seguir filtrando o que você acredita e estando em contato com pessoas que irão respeitar esse posicionamento.
pensarpiauí- Como lidar com a perseguição política que existe em ambientes de trabalho, familiar e acadêmico?
Amanda Evlynn- Buscar ter todos aqueles pontos da primeira pergunta sobre o controle emocional, pois assim evitará muitos conflitos e ajudará as pessoas ao seu redor. Também mostrar que divergências de opinião não precisam ser uma caça, mais sim uma diferença que também precisa ser respeitada. O apoio você encontra nas pessoas com a mesma visão.
pensarpiauí- Qual a melhor forma de passar o período eleitoral de forma branda e equilibrada?
Amanda Evlynn- Mais momentos de lazer com pessoas que tem o mesmo pensamento, assim você evita as discussões, e buscar tempo de qualidade com as pessoas que ama, pois o tempo de eleições passa, suas ideias e pensamentos em relação aos candidatos vai continuar pois você vota no que acredita e as pessoas ao seu redor tendem a continuar, respeite o pensamento delas também. E, se isso tudo lhe afetou muito e está difícil, procure ajuda profissional, eles estarão lá sem julgamento, somente para lhe ajudar nesse momento a encontrar o seu controle emocional.