Santa Catarina, que se diz antipetista, tem 22 prefeitos cassados por corrupção

Em 2022, a Polícia Civil deflagrou a Operação Mensageiro para investigar esquemas de corrupção nas prefeituras do estado.

O Brasil é politicamente dividido em 5 regiões: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul. O povoamento (colonização) destes locais foi feito de diferentes formas e a economia foi impondo seus determinantes em cada caso. Nativos, colonizadores e outros povos foram os humanos que junto com os processos econômicos fizeram o Brasil e suas regiões.

Em anos mais recentes o Brasil ganhou uma outra forma de divisão: a política ideológica. A região Nordeste e a região Sul se destacam neste quesito cada uma assumindo uma característica bem clara. O Nordeste, uma região que pende para a esquerda (PT e Lula) e o Sul, uma região que pende para a direita (Bolsonaro).

Dos estados do sul, Santa Catarina chama para si o destaque de ser anti-petista radical. É de lá o ex-senador Jorge Bornhausen (Arena, PDS, PFL e DEM) que cunhou uma frase que ficou famosa: “vamos extinguir esta raça!” (se referindo aos petistas).

O estado orgulha-se de não ter eleito prefeitos do PT na maioria das cidades (são 11 prefeitos petistas, de acordo com o TRE-SC) e tem como governador um dos bolsonaristas mais entusiasta: o governador Jorginho Mello.

O estado que se orgulha de não ter eleito maioria de prefeitos petistas é hoje a unidade da federação que mais prefeitos cassados por corrupção ostenta.

Na atual legislatura (2021 a 2024), Santa Catarina já teve, 22 prefeitos cassados por corrupção passiva.

Operação Mensageiro: o começo do fim

A investigação denominada “Operação Mensageiro” foi responsável por identificar uma empresa catarinense responsável por pagar propina a agentes públicos e, a partir disto, ter acesso a licitações. A empresa atuava na área e coleta de lixo e saneamento.

Empresa Serrana Engenharia, de Joinville, norte de Santa Catarina é o epicentro da investigação. Ali, um empresário que não atuava mais neste local, servia como “mensageiro” e interlocutor com agentes públicos, além de entregar quantias em dinheiro e apresentar aos políticos prévias de editais para licitação, de tal forma que não houvesse chance de outros concorrentes vencerem.

A ação teve sua primeira fase deflagrada em 6 de dezembro de 2022 e de acordo com o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas), o esquema teria pago mais de R$ 100 milhões em propina e o lucro teria ultrapassado a casa dos R$ 430 milhões.

Na primeira fase, quatro prefeitos foram presos em Pescaria Brava, Papanduva, Balneário Barra do Sul e Itapoá.

Atuação do MP-SC

O Ministério Público foi fundamental para esta operação e através do Grupo Especial Anticorrupção (Geac, um braço do Gaeco), efetuou 21 prisões.

Marina Modesto Rebelo é uma das promotoras responsável pelo caso. Ela participa dos depoimentos em que os acordos de delação premiada são tratados. Todo o grupo é coordenado pelo procurador Durval Amorim.

Brusque e a relação com o Veio da Havan

Em 4 de maio de 2023, o Tribunal Superior Eleitoral cassou o prefeito e o vice da cidade de Brusque, José Ari Vequi e Gilmar Doerner, por abuso de poder econômico durante campanha eleitoral nas Eleições Municipais de 2020, por 5 votos a 2. Aqui, Luciano Hang, um bolsonarista contumaz tornou-se inelegível até 2028 pelos mesmos crimes. Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) foi movida pelo PT, Podemos, PSB e PV.

5ª fase

O dia 29 de abril de 2024 ficará marcada na história de Santa Catarina. Quando a polícia chegou as casas do prefeito Clézio Fortunato e seu vice Jaime Antonio de Souza, de São João do Itaperiú, o estado chegou à marca de 22 prefeitos presos por suspeita de corrupção.

Considerado pelo Ministério Público de Santa Catarina como o maior caso de corrupção da história do estado, a Operação Mensageiro foi responsável por apurar o superfaturamento de contratos de coleta de lixo, luz e água.

Prefeitos presos em Santa Catarina: uma divisão por partidos

Até o momento, 22 prefeitos foram presos em Santa Catarina ao longo de 18 meses. O MDB lidera a lista com sete prefeitos presos, seguido pelo Progressistas, PL e PSD. Os nomes:

Progressistas

Gustavo Cancellier – Urussanga

Luís Antônio Chiodini – Guaramirim, renunciou

Joares Ponticelli – Tubarão, renunciou

Antônio Rodrigues – Balneário Barra do Sul, perdeu o mandato

Luiz Henrique Saliba – Papanduva, renunciou

MDB

Clézio Fortunato – São João do Itaperiú

Armindo Sesar Tassi – Massaranduba, renunciou

Luiz Carlos Tamanini – Corupá, renunciou

Adriano Poffo – Ibirama, afastado do cargo

Deyvisson da Silva de Souza – Pescaria Brava, renunciou

Felipe Voigt – Schroeder, renunciou

PL

Ari Alves Wolinger – Ponte Alta do Norte, renunciou

Douglas Elias da Costa – Barra Velha, mandato suspenso

Marlon Neuber – Itapoá, renunciou

Vicente Correa Costa – Capivari de Baixo, renunciou

PSD

Beto Passos – Canoinhas, renunciou

Luiz Shimoguiri – Três Barras, renunciou

Antônio Ceron – Lages

Podemos

Alfredo Cezar Dreher – Bela Vista do Toldo, mandato extinto

União Brasil

Adelmo Alberti – Bela Vista do Toldo, renunciou

PRD

Adilson Lisczkovski – Major Vieira, perdeu o mandato

Republicanos

Patrick Corrêa -Imaruí