Ontem, uma reportagem publicada pela Folha de S.Paulo sob o título “Sob Lula 3, déficit de estatais atinge recorde em 15 anos” gerou forte repercussão e críticas contundentes. O jornal alegou um suposto rombo nas contas das empresas públicas federais durante o terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Contudo, especialistas, representantes do governo e lideranças políticas contestaram a narrativa, classificando-a como desinformação voltada a alimentar uma agenda privatista.
Por sua vez, a Rede Globo deu destaque à fake news divulgada mais cedo pelo jornal Folha de São Paulo. A GloboNews, ao abordar o tema, também utilizou dados do Banco Central, comandado por Roberto Campos Neto, mas trouxe mais uma vez a interpretação questionável, argumentando que a Petrobras seria "muito grande" para ser incluída nos cálculos. "Sob Lula, estatais registram maior déficit em 15 anos. Rombo nas empresas públicas federais é de R$ 4,5 bilhões só em 2024, segundo o Banco Central", publicou a emissora na plataforma X.
Exclusão de dados fundamentais
A matéria da Folha baseou-se em cálculos que excluem empresas estratégicas como Petrobras, Eletrobras e os bancos públicos (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e BNDES). Segundo o jornal, essas companhias foram desconsideradas por serem “muito grandes” ou por não serem equiparáveis a empresas não financeiras, distorcendo os números e apresentando um déficit de R$ 4,5 bilhões para 2024. No entanto, ao ignorar os lucros bilionários dessas instituições, a análise ofereceu um retrato distorcido da real situação das estatais.
A ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, rebateu a reportagem, destacando que, em 2023, as 44 estatais federais e suas subsidiárias geraram um lucro líquido de R$ 197,9 bilhões. Além disso, recolheram R$ 49,4 bilhões em dividendos e Juros sobre Capital Próprio para o Tesouro Nacional e distribuíram outros R$ 78,7 bilhões aos acionistas privados. "Os números mostram a solidez financeira e o papel estratégico dessas empresas na economia nacional", afirmou.
Narrativa privatista e críticas políticas
Lideranças políticas também reagiram à publicação. O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) classificou a matéria como um “malabarismo narrativo” para promover a privatização de empresas lucrativas e estratégicas. Ele enfatizou que qualquer déficit identificado nas contas das estatais reflete investimentos necessários para aumentar a produtividade em setores como petróleo, agricultura e infraestrutura. Em suas redes sociais, Lindbergh afirmou: “As estatais estão bem. O que não está bem são os editoriais da Folha, que não conseguem lidar com o sucesso do governo Lula.”
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, também condenou a reportagem, acusando o jornal de má-fé e manipulação de dados para favorecer a venda das estatais. “É mentira. As 44 estatais federais fecharam 2023 com um lucro expressivo de R$ 197,9 bilhões. Ao mesmo tempo, a Folha tenta confundir déficit com prejuízo, ignorando que investimentos realizados pelas estatais são fundamentais para o desenvolvimento do país”, escreveu Gleisi.
Governança e modernização das estatais
Nos últimos meses, o governo federal anunciou uma série de medidas para fortalecer e modernizar as estatais, incluindo novos decretos voltados à governança corporativa. Entre as iniciativas, destacam-se:
- Programa de Governança e Modernização das Empresas Estatais Federais: Voltado à capacitação de conselheiros e dirigentes e à implementação de boas práticas de gestão.
- Sistema de Coordenação da Governança e da Supervisão Ministerial das Empresas Estatais Federais (SISEST): Integrando ministérios supervisores e empresas para alinhar políticas públicas e melhorar a gestão.
- Revisão da Comissão de Participações Societárias (CGPAR): Atualizando a atuação do Estado nas decisões estratégicas sobre o setor.
De acordo com a ministra Esther Dweck, as iniciativas buscam reforçar o papel das estatais como motores do desenvolvimento e instrumentos de políticas públicas inclusivas.
Resultados sólidos e papel estratégico
Os números evidenciam a relevância das estatais para a economia brasileira. Além do lucro bilionário de R$ 197,9 bilhões em 2023, as empresas públicas têm demonstrado elevado grau de governança corporativa e eficiência na geração de valor para a sociedade. Exemplos como a Petrobras, com sua contribuição ao setor de energia, e a Embrapa, essencial para as inovações na agricultura, reafirmam a importância estratégica dessas instituições.
Apesar da tentativa de descredibilizar as estatais, os resultados financeiros recentes mostram que o governo Lula tem conseguido não apenas preservar essas empresas, mas também potencializar sua capacidade de gerar lucros e promover o desenvolvimento sustentável do país. A narrativa privatista sustentada por veículos como a Folha de S.Paulo e amplificada por outros meios de comunicação, como a GloboNews, parece estar cada vez mais distante da realidade dos fatos.
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