Roberto Requião: um homem íntegro não se encontra em qualquer esquina

"Certeza de que o ideológico Requião pensa igual, e que o 'mau jeito' do convite inadequado logo será corrigido", afirma Hildegard Angel

Foto: Veja
Roberto Requião

Por Hildegard Angel, jornalista, no 247 

A pior coisa é tomar partido na discórdia entre pessoas que se admira. Evito fazer. Mas dar voz aos lados discordantes é princípio do jornalismo.

O convite a Roberto Requião para ser membro do Conselho de Itaipu não foi bem digerido por ele, que nada pediu, e muito menos pelos seus aliados que previram lhe seria oferecido um ministério, a presidencia da Petrobras ou até a de Itaipu.

Isso passará, na política tudo passa. Desafetos de ontem serão os BFF de amanhã. Os humilhados da mídia num dia serão por ela exaltados no dia seguinte. Os ignorados na hora da festa serão os lembrados na precisão. Bem o oposto do que fala o padre aos noivos "na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, fieis até que a morte os separe.”

A relação política não é casamento nem divórcio, é "união instável", com regime de união de objetivos e partilha de conquistas, em que o casal se chama de "companheiros", pelo tempo infinito enquanto dure... a relação.

As conveniências, as novas alianças e as novas influências calibram os altos e baixos dos relacionamentos na política. 

Contudo, depois do outono chegam as rosas da primavera, neste verão com brisa primaveril.

Até as estações do ano se fundem, ao fim da batalha apaixonada e vitoriosa, que nos custou energia, desgaste e mesmo perdas, mas nos premiou com o resgate do Brasil de sua rota acelerada rumo ao fascismo.

Primavera é o dever cumprido. Sentir o gostinho da vitória vale muito, mais até que os gestos de reconhecimento. Certeza de que o ideológico Requião pensa igual, e que o 'mau jeito' do convite inadequado logo será corrigido. A correção se impõe como necessária. Um homem íntegro não se acha em qualquer esquina.

OBS: 

O ex-governador do Paraná e ex-senador Roberto Requião (PT) afirmou à Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, ter se sentido desrespeitado ao ser sondado pela presidente do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), sobre a possibilidade de assumir a presidência do conselho de administração da hidrelétrica de Itaipu.

Requião classificou o posto oferecido como uma "sinecura", ou seja, cargo com boa remuneração e que exige pouco trabalho. "Não achei graça nisso. Uma sinecura dourada não é o objetivo de uma vida inteira de dedicação ao interesse público. O que eu iria fazer com o compliance de Itaipu, me reunindo de 60 em 60 dias com 12 pessoas? Não tinha o que fazer lá".

"Eu acho que seria menos desrespeitoso não terem me oferecido nada", completou.