Redução da frota é mais uma ajuda de Firmino Filho aos empresários

A Prefeitura de Teresina anunciou, para hoje, o início da redução da frota de ônibus em 30%

Foto: GP1
Menos ônibus: o teresinense vai enfrentar veículos lotados por conta do Prefeito da cidade

A Prefeitura Municipal de Teresina (PMT) anunciou, para esta quarta-feira (18-3), o início da redução da frota de ônibus em 30%, medida claramente tomada para “ajeitar” mais uma vez os donos das empresas que operam no sistema de transportes públicos da cidade. A justificativa da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (Strans) é a de que diminuiu o número de usuários em circulação, já que escolas e instituições de ensino superior estão com aulas suspensas, e parte do funcionalismo público está em modo home service.

A decisão beira à irresponsabilidade, em última instância, do prefeito Firmino Filho, que opta por poupar as empresas de ônibus coletivos da cidade, em detrimento da população, pois ao reduzir a frota, mantém alta a lotação desses veículos, especialmente nos horários de pico. Portanto, vai na contramão do senso internacional que tem norteado as decisões das autoridades em outros estados, onde os gestores mantiveram, por exemplo, a frota de trens e ônibus circulando normalmente, mesmo com menos pessoas transitando.

A ideia dessas autoridades é justamente reduzir os riscos de contágio da COVID-19 nos sistemas públicos de transporte, permitindo que os respectivos veículos não fiquem lotados, cenário perfeito para a configuração da epidemia. Mas a PMT vai de encontro a essa noção do necessário distanciamento social recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), num momento de crise sanitária como este, mais uma vez, para proteger, financeiramente, empresas que sempre prestaram péssimos serviços de transporte público em Teresina.

Bola fora

De novo, mais uma “bola fora” do prefeito, que relutou em suspender as aulas na rede pública municipal, quando todas as escolas estaduais e até particulares já haviam feito isso, por no mínimo duas semanas. Há relatos de que máscaras eram distribuídas para alunos gripados da rede municipal. Firmino Filho parece acompanhar a falsa impressão, defendida pelo presidente Jair Bolsonaro – a cada dia que passa, mais desmoralizado –, de que há uma histeria coletiva em curso, na busca de minimizar os impactos da pandemia.

Mas, na saúde pública e economia, a essa altura, a situação é grave. Portanto, trata-se de uma medida equivocada – no caso, um eufemismo – reduzir a frota de ônibus. Para as pessoas realmente obrigadas a usar o sistema de transporte público municipal, pode ser uma questão vital contar com veículos menos lotados, o que, matematicamente, reduziria os riscos de contágio. Embora o cenário que se desenha, hora a hora, é o de que a quarentena, assim como nos países europeus, será a única forma de vencer esse desafio.

O prefeito deveria rever tal decisão, a bem da saúde pública, ao menos por enquanto, sob pena de ser responsabilizado, no caso de Teresina ser duramente atingida pela doença. Nesse momento crítico, se torna imprescindível que todos – individual e coletivamente –, especialmente os gestores públicos, se comportem de modo a cuidar das pessoas, evitando que sejam expostas ao contágio. As prioridades ou interesses econômicos, evidentemente muito importantes, devem ficar em segundo plano.