A informação de que Vanessa Alves, rainha de bateria da Águia de Ouro, realizou o último desejo do mestre-sala João Carlos Camargo, emocionou profundamente a comunidade do samba. Mesmo internado, João insistiu em fazer seu derradeiro desfile. E conseguiu: ao lado da amiga e companheira de avenida, ele dançou no hospital, em uma despedida simbólica e carregada de emoção. Dias depois, a Águia de Ouro anunciou oficialmente sua morte, na terça-feira (10), aos 41 anos.
João Carlos era o mestre-sala principal da escola da Pompeia, figura consagrada no Carnaval paulistano, reconhecido por seu estilo marcante, elegância e devoção ao pavilhão que defendeu por tantos anos. A notícia de seu falecimento surpreendeu a todos e deixou em luto não só a Águia de Ouro, mas todo o universo do samba.
Nas redes sociais, a escola liderada por Sidnei Carriuolo divulgou uma nota de pesar acompanhada por um vídeo com imagens memoráveis de João no Sambódromo do Anhembi. No texto, a agremiação exaltou a trajetória de um sambista que virou lenda:
"João Carlos não foi apenas um mestre-sala. Ele foi uma verdadeira lenda viva do nosso pavilhão, um artista nato que, com sua elegância, leveza e paixão, defendeu o nosso pavilhão como poucos na história do samba."
A homenagem destaca não apenas o artista dos desfiles, mas o ser humano generoso, afetuoso e carismático que João era fora da avenida. "Homem de alma generosa e coração gigante", descreve a nota, ressaltando que ele sempre teve uma palavra amiga, um abraço acolhedor e uma risada pronta para dividir.
João dançava como se fosse a primeira vez a cada desfile, mantendo vivo o brilho no olhar e a conexão arrebatadora com a porta-bandeira — um dos momentos mais aguardados do Carnaval. Fora da passarela, era considerado um irmão de samba, amigo leal e inspiração para novas gerações.
A nota termina com um apelo emocionante:
"Hoje, perdemos uma parte de nossa história, uma parte do nosso coração. O céu ganhou um mestre-sala de luxo, e temos certeza de que ele já está lá em cima, rodopiando com leveza, sorriso no rosto, e carregando no peito o mesmo orgulho de sempre: o de ser Águia de Ouro."
Na despedida, a escola também se dirigiu à matriarca da comunidade, Dona Solange, pedindo que ela receba seu "filho" nos braços da espiritualidade, e que juntos, em cada giro, derramem bençãos sobre a família da Pompeia.