A disputa interna no PSOL sobre o nível de apoio ao governo Lula trouxe à tona um histórico de ressentimentos e divergências que há anos permeiam o partido. O embate tem gerado um ambiente tenso entre os deputados, com trocas de acusações e xingamentos nos bastidores.
Em entrevistas ao UOL, parlamentares referiram-se a colegas de bancada com termos como "mentiroso", "imaturo" e "palhaço". Embora as brigas internas não sejam novidade — a convenção de 2009 terminou em confronto físico —, agora o embate ganhou maior visibilidade, refletindo-se em gestos políticos e na cobertura da imprensa.
O PSOL está dividido em duas alas. A majoritária, liderada por Guilherme Boulos (SP) e composta por oito deputados, defende um alinhamento estratégico com o governo Lula. Apesar de reconhecerem contradições na gestão petista, seus integrantes argumentam que a aliança é necessária para conter o avanço da extrema direita representada por Jair Bolsonaro (PL). O grupo acusa a ala minoritária de agir de forma sectária, priorizando debates internos da esquerda em vez de enfrentar adversários políticos.
Já a ala minoritária, formada por cinco parlamentares, considera que o apoio do PSOL a Lula foi longe demais, comprometendo a identidade do partido. O deputado Glauber Braga (RJ) critica a postura da maioria, afirmando que o partido "se abstém de suas lutas porque está engolido pelo abraço da esquerda com a direita liberal".
As duas alas do PSOL na Câmara
Ala majoritária:
- Célia Xakriabá (MG)
- Erika Hilton (SP)
- Guilherme Boulos (SP)
- Ivan Valente (SP)
- Luciene Cavalcante (SP)
- Pastor Henrique Vieira (RJ)
- Talíria Petrone (RJ)
- Tarcísio Motta (RJ)
Ala minoritária:
- Chico Alencar (RJ)
- Fernanda Melchionna (RS)
- Glauber Braga (RJ)
- Luiza Erundina (SP)
- Sâmia Bomfim (SP)
A crise interna escancara o desafio do PSOL em equilibrar sua identidade política e sua atuação no cenário nacional. A questão que permanece é se o partido conseguirá superar suas divisões ou se a disputa interna seguirá minando sua unidade.