Um clima de tensão tem se instalado nos bastidores do Partido Liberal (PL) devido a um racha entre a família do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), conforme revelou a colunista Bela Megale, de O Globo. A raiz do desconforto? Ciúmes — ao menos nos bastidores.
Aliados próximos ao ex-presidente admitem que há incômodo com a ascensão de Nikolas, considerado uma das novas lideranças da direita, mas que tem atuado de forma autônoma, sem subordinar suas movimentações políticas ao bolsonarismo.
A principal crítica da família Bolsonaro é a percepção de que o deputado mineiro estaria tentando construir seu próprio protagonismo político sem demonstrar lealdade ou deferência ao ex-presidente. Além disso, há descontentamento com o tratamento que o PL tem dado a Nikolas, considerado mais vantajoso se comparado ao destinado a Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Segundo interlocutores da família, a legenda não ofereceu apoio financeiro a Eduardo durante sua temporada nos Estados Unidos. Lá, o filho "03" de Bolsonaro tem liderado uma campanha em defesa do pai, que inclui esforços para pressionar autoridades americanas por sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A recente postagem de Donald Trump em apoio a Bolsonaro foi vista como uma vitória pessoal de Eduardo. Porém, o silêncio inicial de Nikolas causou estranhamento. Em vez de repercutir a publicação do ex-presidente americano — considerada estratégica para o trabalho de Eduardo —, Nikolas optou por divulgar um vídeo de oito minutos em que ataca o presidente Lula (PT), no contexto da disputa narrativa nas redes sobre o chamado “golpe dos ricaços”.
A atitude foi criticada publicamente por Paulo Figueiredo, aliado próximo da família Bolsonaro. Em uma publicação, ele ironizou a escolha do deputado mineiro:
“Realmente, ótimo tirar o foco do trabalho do Eduardo Bolsonaro. Papai do céu tá vendo…”, escreveu, ao compartilhar uma postagem de Gustavo Gayer (PL-GO) que reproduzia o vídeo de Nikolas.