Quem Trump ataca hoje? México, Canadá e China são a bola da vez

Ele vai impor novas tarifas agressivas para estes paises

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve assinar neste sábado, 1º de fevereiro, um decreto impondo tarifas de 25% sobre produtos importados do México e do Canadá, além de um aumento de 10% sobre as tarifas atualmente aplicadas à China. A medida pode impactar mais de US$ 2,1 trilhões em comércio anual com os três principais parceiros comerciais dos EUA.

Falando de seu resort Mar-a-Lago, na Flórida, Trump afirmou na sexta-feira que os países afetados têm poucas opções para evitar as novas tarifas. Segundo ele, o objetivo é pressionar México, Canadá e China a adotarem medidas mais rigorosas contra o tráfico de fentanil e a conter o fluxo de imigrantes indocumentados.

Justificativa e impacto econômico

“Não, não é uma tática de negociação. Temos grandes déficits comerciais com todos os três”, declarou Trump em entrevista na Casa Branca. O presidente também sugeriu que as tarifas poderiam ser aumentadas no futuro e enfatizou o impacto positivo esperado para a arrecadação do governo: “É muito dinheiro vindo para os Estados Unidos”.

A medida gerou preocupação no setor de energia e no preço ao consumidor. Trump indicou que pode haver exceção para o petróleo canadense, que será taxado em 10% em vez de 25%, mas sugeriu que novas tarifas sobre petróleo e gás natural serão anunciadas em meados de fevereiro. Como resposta, os preços do petróleo subiram, dado que o Canadá é o maior fornecedor da commodity para os EUA, com exportações de quase US$ 100 bilhões em 2023. Trump reconheceu que as tarifas podem elevar os preços ao consumidor e causar turbulência econômica de curto prazo, mas minimizou o impacto nos mercados financeiros. “Isso é o que precisa ser feito”, afirmou.

Jake Colvin, presidente do National Foreign Trade Council, criticou a decisão. “Impor tarifas aos nossos principais parceiros comerciais pode aumentar custos e reduzir a disponibilidade de produtos essenciais, de alimentos a automóveis, além de dificultar um diálogo mais produtivo”, declarou.

Reações internacionais

A medida deve provocar reações imediatas. O Canadá já preparou uma lista de produtos americanos que podem ser alvo de tarifas retaliatórias, incluindo suco de laranja da Flórida. Segundo fontes da Reuters, o governo canadense avalia impostos que podem atingir C$ 150 bilhões (US$ 103 bilhões) em importações dos EUA, mas deve realizar consultas antes de formalizar a resposta.

A presidente do México, Claudia Sheinbaum, também sinalizou possível retaliação, mas afirmou que aguardará a assinatura oficial do decreto. “Vamos manter a calma e seguir dialogando sobre a questão da fronteira”, disse. A China, por sua vez, adotou tom mais cauteloso, mas prometeu agir para defender seus interesses comerciais. “A China se opõe firmemente às novas tarifas. Uma guerra comercial não tem vencedores e não beneficia nenhuma das partes”, afirmou um porta-voz da embaixada chinesa em Washington.

Trump também indicou que novas tarifas sobre produtos da União Europeia, aço, alumínio, cobre, medicamentos e semicondutores podem ser anunciadas em breve. De acordo com a Casa Branca, as tarifas entrarão em vigor imediatamente após a assinatura do decreto, e mais detalhes serão divulgados no sábado.