Projeto transforma lixo em oportunidades

Transformar lixo em oportunidade de sobrevivência. Pensando nisso, a Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis de Manoel Emidio (Cocame) é a idealizadora do projeto de criação da Rede Cajuína de Recicladores do Piauí. A cooperativa pretende atuar nos 24 municípios do Território da Chapada das Mangabeiras. Atualmente, a Cocame, fundada em 2012, reúne 32 catadores cooperados que trabalham com materiais recicláveis como papel, papelão, plástico tipo PET, vidro, alumínio e cobre. A iniciativa pretende atuar em parceria com o Poder Público e a iniciativa privada, com vistas a atingir os ideais de sustentabilidade em conjunto com outras cooperativas para alcançar todo o território piauiense. As ações desenvolvidas pela Rede Cajuína estão alinhadas à Política Nacional dos Resíduos Sólidos, instituida pela Lei de Resíduos Sólidos (lei nº 12.305/10), regulamentada pelo decreto nº 7.404/2010. De acordo com o presidente da Cocame, Cícero Neto da Silva, que atua no cooperativismo há mais de 22 anos, a ideia da iniciativa é tirar da marginalidade e do desemprego aqueles que estão pedindo nas ruas, proporcionando-lhes uma oportunidade de emprego e renda. “Nesse trabalho, como não exige uma maior qualificação profissional, todo mundo pode atuar, podemos aproveitar esse trabalho até para promover a ressocialização de ex-detentos”, afirma o presidente da Cocame. O trabalho de reciclagem envolve coleta, separação e processamento de materiais recicláveis. A coleta de produtos recicláveis é um dos processos mais importantes, já que é a primeira etapa do trabalho. Nessa fase, é importante a atuação do poder público e da sociedade, pois a coleta seletiva do lixo contribui para uma melhor qualidade do material reciclável. Isso evita, por exemplo, que muitos produtos estejam contaminados ou sujos com substâncias orgânicas ou materiais tóxicos. “A nossa ideia é levar às escolas a educação para a reciclagem, assim, as crianças saberão a importância de separar o lixo reciclável do orgânico e vão até influenciar os pais para esse cuidado”, ressalta Cícero Neto da Silva. Após a coleta, segue a separação de resíduos e depois o preparo dos produtos para transformação com a limpeza. É nesse momento, também, que é realizada a separação do que é útil e do que deve ser descartado. Assim, é cada vez mais importante a coleta de materiais que já tenham sido separados ou colhidos de forma prática e simples, como os recolhidos de lixões e outros locais semelhantes. Segundo Cícero Neto da Silva, a iniciativa de cooperativas de catadores, além dos cooperados que fazem parte das entidades, pode gerar de 10 a 15 empregos diretos em cada município da Chapada das Mangabeiras. “A nossa ideia é de poder gerar uma renda de pelo menos um salário para cada cooperado. Além disso, temos um fundo que cada um dos participantes contribui e, caso ele queira sair da cooperativa, pode resgatar esse valor, parecido ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço”, informa Cícero. Os 24 municípios que fazem parte do Território da Chapada das Mangabeiras são: Alvorada do Gurguéia, Avelino Lopes, Barreira do Piauí, Bom Jesus, Colônia do Gurguéia, Cristino Castro, Cristalândia do Piauí, Curimatá, Currais, Elizeu Martins, Gilbués, Júlio Borges, Manoel Emídio, Monte Alegre do Piauí, Morro Cabeça do Tempo, Palmeira do Piauí, Parnaguá, Redenção do Gurguéia, Riacho Frio, Santa Filomena, Santa Luz, São Gonçalo do Gurguéia e Sebastião Barros.