Preso hoje, Pastor Everaldo ajudou Bolsonaro e Witzel nas relações políticas e religiosas

Presidente do PSC tem décadas de ação política e pregação em templos religiosos, com abordagem conservadora

Foto: G1
Pastor Everaldo foi preso pela Polícia Federal na manhã desta sexta (28)

Preso nesta sexta-feira no Rio de Janeiro, Pastor Everaldo ganhou influência junto de políticos que aliam a atuação pública com eventos religiosos. Um dos principais parceiros é o governador do estado fluminense, Wilson Witzel (PSC), afastado do cargo no mesmo dia por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) após supostas irregularidades em verbas públicas da saúde e envolvido na investigação

Presidente nacional do PSC desde 2015, Pastor Everaldo, de 64 anos, aliou a fé cristã, pregada por ele na Assembleia de Deus, com os interesses políticos para ganhar notoriedade. Também empresário, o religioso começou a ganhar força política no fim dos anos 1990, aliado ao então governador fluminense Anthony Garotinho.

Desde então, Pastor Everaldo, economista de formação, não se distanciou da vida política. Ele se filiou ao PSC em 2003 e, depois de um hiato de cargos públicos, ganhou ampla notoriedade a partir de 2014, quando dois fatos o marcaram.

O primeiro foi a candidatura à Presidência da República nas eleições daquele ano. Pastor Everaldo surpreendeu e ficou em quinto lugar, com 0,75% dos votos.

O segundo, em 2016, foi muito citado alguns anos depois, com o crescimento do então deputado federal Jair Bolsonaro, hoje presidente da República. O Pastor foi o responsável por batizar Bolsonaro nas águas do Rio Jordão, em Israel, local sagrado para cristãos.

Foto: Facebook Jair Bolsonaro
Pastor Everaldo realizou o batismo de Bolsonaro, que se considera católico, no Rio Jordão, em Israel

Dois anos depois, já com notoriedade para além das relações políticas internas, Pastor Everaldo se lançou como candidato para o Senado Federal. Ele novamente não foi eleito, mas viu os aliados Wilson Witzel vencer para o Governo do Rio de Janeiro e Jair Bolsonaro chegar à presidência da República naquelas eleições.

Com a eleição de Witzel, Everaldo voltou a integrar a equipe de funcionários públicos e começou a gerir a Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae). Ele é acusado de agir com intenções políticas em alterações feitas na companhia pública.

A Operação Placebo foi inicialmente aberta em maio, quando a Polícia Federal (PF) cumpriu 12 mandados de busca e apreensão, parte deles em endereços do governo fluminense, para investigar suposto esquema de corrupção envolvendo a instalação de hospitais de campanha para combate ao novo coronavírus no estado.Tanto a defesa do pastor quanto do governador dizem que ambos estão colaborando com as investigações e que são inocentes.

Prisão do Pastor 

O presidente do PSC e principal articulador do governo Witzel, pastor Everaldo, foi preso nesta sexta (28), em sua residência no Recreio dos Bandeirantes, zona oeste do Rio, em operação que investiga corrupção em contratos da Saúde. 

Everaldo foi preso na operação Tris in Idem da PF (Polícia Federal) que investiga irregularidades em contratos públicos do executivo do Rio de Janeiro. Ele é acusado de ser o principal articulador do esquema de corrupção envolvendo os recursos destinados à pandemia da covid-19. 

As autoridades cumprem ainda 17 mandados de prisão, sendo seis preventivas e 11 temporárias, e 72 de busca e apreensão. Além dessas medidas, em outro inquérito, o também ministro do STJ Jorge Mussi autorizou o cumprimento de 12 mandados de busca e apreensão no estado do Piauí, com o objetivo de coletar provas sobre suposto esquema de nomeação de funcionários fantasmas no governo fluminense para desvio de dinheiro público.

O pastor Everaldo foi encaminhado para a sede da PF na região portuária da cidade. Em nota, ele afirmou que sempre esteve à disposição de todas as autoridades e reitera sua confiança na Justiça. 

Foto: Reprodução/Record TV Rio
Pastor Everaldo foi preso em casa, na zona oeste do Rio

Com informações Estado de Minas