Prefeitura de Teresina: subsídios para empresarios, aumento de passagem para a população

TCE propos tarifa de R$ 9,80

Durante reunião realizada ontem, o prefeito de Teresina, Silvio Mendes, aventou a possibilidade de um reajuste tarifário como parte das soluções para a crise no transporte público da capital, apesar do impacto que isso causará à população. O Tribunal de Contas do Estado (TCE-PI) sugeriu uma tarifa de R$ 9,80, valor que Mendes classificou como "inviável", mas o prefeito reconheceu que qualquer mudança nos preços será estudada em conjunto com empresários, TCE, Ministério Público e Câmara Municipal. A passagem atual é de R$ 4,00, enquanto a tarifa estudantil custa apenas R$ 1,35.

Enquanto os empresários alegam dificuldades financeiras e pressionam por mais subsídios, Mendes destacou que a prefeitura já destinou R$ 4,750 milhões ao setor, cobrindo custos operacionais até mesmo de ônibus que circulam sem passageiros. A dívida do transporte público, que está judicializada, também foi tratada como prioridade pelo prefeito, que garantiu honrar acordos firmados por gestões anteriores.

A situação do transporte público e o abandono dos usuários
O sistema de transporte público de Teresina enfrenta um colapso. Dados de 2019 apontavam 4,5 milhões de usuários mensais, número que despencou para 2,5 milhões em 2024 devido à redução na frota e à precariedade dos serviços. Apesar disso, a prioridade da gestão tem sido equilibrar as contas com os empresários, enquanto os usuários enfrentam ônibus sucateados, longas esperas e falta de opções.

"Vamos fiscalizar quantos passageiros estão utilizando o serviço e a distância percorrida pelos ônibus, mas os custos precisam ser compartilhados. É preciso viver o mundo real", afirmou Mendes, sem apresentar medidas concretas para aliviar o peso sobre os trabalhadores e estudantes que dependem do transporte coletivo.

Empresários favorecidos, população desamparada
Apesar de reconhecer que o sistema está "praticamente destruído", Mendes insiste na necessidade de conciliar os interesses das empresas com os da população, mas não apresenta alternativas que protejam os mais vulneráveis. Enquanto isso, trabalhadores recorrem a transportes por aplicativo, mais caros, ou enfrentam a precariedade de um sistema público que deveria atender suas necessidades básicas.

Com uma frota que caiu de 364 para 247 veículos desde 2019, o transporte público nunca recuperou sua plena operação após a pandemia de Covid-19, e a prefeitura parece mais preocupada em atender às exigências dos empresários do que em solucionar os problemas estruturais que afetam os usuários.

Ao invés de priorizar investimentos para melhorar a qualidade do serviço e atrair os antigos passageiros, a gestão municipal concentra esforços em justificar reajustes tarifários e subsídios milionários, reforçando a sensação de que os interesses empresariais têm maior peso do que os da população.

Veja o comentário do jornalista Oscar de Barros: