Por que Janja incomoda tanto?

"Acho a cara do século 21"

Foto: TON MOLINA/ESTADÃO
Rosângela Lula da Silva (Janja)

 

Pelo perfil Muka do Space, no twitter 

Hoje eu li uma matéria na Folha citando o fato de Janja ter sido a única mulher de chefe de Estado a acompanhar reuniões fechadas do G20. O texto tinha o claro objetivo de alimentar uma narrativa que se tenta construir em torno da figura da socióloga Rosângela Lula da Silva.

Nunca houve uma “primeira-dama” como Janja. Mas também nunca houve um presidente como Lula, que há 18 anos celebra o Natal com catadores de recicláveis, por exemplo. Um líder popular que, vejam vocês, escolhe se cercar do povo sempre que pode. Lula trouxe novos significados à presidência e, em sentido parecido, Janja parece estar criando novos significados para o posto de “esposa” do chefe do Executivo.

É impressionante notar o tanto de gente que se incomoda com isso. Na mídia, inclusive. Há quem pareça acreditar que à mulher do presidente caibam apenas papéis acessórios, decorativos. Quase como se fosse ela própria um enfeite. Tenho a sensação de que, embora estejamos em 2023, muitos defendem a figura da “primeira-dama” que organiza chás de senhoras distintas e fecha os olhos para os grandes temas nacionais. Pergunto: isso interessa a quem?

Talvez, aos que pensem que não caiba a uma mulher pensar sobre economia, sustentabilidade, segurança alimentar, questões climáticas, segurança pública, cultura ou combate ao racismo e à LGBTfobia. Na verdade, creio que incomode mesmo aos que creem que não caiba a uma mulher…pensar!

Eu acho ótimo que Janja seja essa mulher antenada, interessada nas questões do país e empenhada em tudo aquilo que realmente interessa. Acho a cara do século 21, inclusive. Mas, entendo: pra quem insiste em negar que mulheres foram às ruas para queimar sutiãs, em 1968, realmente deve soar desconfortável…