Petrônio Portella Filho: "Defender Moro como 3ª via é vender o fascismo como democracia"

Doutor em Economia pela Unicamp, Petrônio Portella Nunes Filho diz que "talvez o maior erro de Moro seja defender a política econômica atual

Foto: Montagem pensarpiauí
Sérgio Moro, Petronio Portela e filho

247 - Doutor em Economia pela Unicamp e consultor concursado do Senado Federal, Petrônio Portella Nunes Filho, em artigo publicado no Correio Braziliense no final de dezembro, detona a candidatura do ex-juiz Sergio Moro (Podemos), declarado parcial pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nos processos contra o ex-presidente Lula (PT) na Lava Jato, ao Palácio do Planalto.

Petrônio Portella Filho diz, com ironia, que as chances da candidatura de Moro decolar - como querem acreditar seus apoiadores - são as mesmas do PIB brasileiro decolar sob a gestão do ministro da Economia, Paulo Guedes. "Os problemas eleitorais do Moro são vários. Chama a atenção sua falta de experiência, eloquência, carisma e cultura. Como juiz, foi parcial e inescrupuloso. Interferiu na eleição, depois se tornou Ministro do candidato que ajudou a eleger".

Na sequência, Petrônio Portella Filho aponta as semelhanças entre Moro e Jair Bolsonaro (PL). "O juiz impoluto aceitou se aliar a um presidente com notórios laços criminosos. Como ministro, Moro apoiou os arroubos autoritários do Presidente e suas tentativas de golpe. Tentou usar a Lei de Segurança Nacional para calar opositores, sendo rechaçado. Defendeu a exclusão de ilicitude, que permitiria aos PMs matar sob "violenta emoção”. Tratou como heróis policiais amotinados do Ceará. Baixou portarias que facilitavam a aquisição de armas. Moro provou ser tão radical quanto Bolsonaro. Mas o gado prefere o fascista original — que é autêntico no seu racismo, misoginia e homofobia — ao imitador que usa terno e sabe comer de talher".

Moro está condenado ao fracasso, segundo o artigo, porque na visão de todos - exceto de sua pequena parcela de fãs - é um traidor. "Na visão da Direita, Moro traiu o Mito. Na visão da Esquerda, ele traiu o Brasil. Na visão de quem tem senso de justiça, ele traiu a magistratura. Como todos odeiam traidores, ele é hoje o segundo candidato mais rejeitado, só perde para o presidente".

Petrônio Portella Filho ainda aponta o erro de Moro em apostar na atual política econômica para guiar o Brasil. "Talvez o maior erro de Moro seja defender a política econômica atual. Disse no Twitter que Guedes era 'talvez o melhor quadro de Bolsonaro'. Defendeu em entrevistas o continuísmo da política que levou o Brasil a níveis recordes de desemprego, pobreza e endividamento público. Pastore, o guru de Moro, defende a radicalização do ultraliberalismo de Guedes. O Brasil precisa mudar a política econômica".

Por fim, ele afirma que Moro não pode ser classificado como candidato da "terceira via". "Causa-me indignação ver descreverem como 'terceira via' um candidato que comunga a agenda ideológica e a política econômica de Bolsonaro. Defender a candidatura Moro 2022 como 3ª via é vender o continuísmo como mudança".