Outubro Rosa: A história de uma batalha contra o câncer de mama

O câncer de mama é o tipo mais comum entre as mulheres, no Brasil e no mundo, correspondendo a cerca de 25% dos novos casos de câncer a cada ano

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Joyce Pinho Bezerra, de 40 anos, a entrevistada da semana

O Outubro Rosa é um movimento internacional de conscientização para o controle do câncer de mama, criado no início da década de 1990 pela Fundação Susan G. Komen for the Cure. No Brasil, a comemoração foi instituída pela Lei nº 13.733/2018.

A data é celebrada anualmente com o objetivo de compartilhar informações e promover a conscientização sobre a doença, proporcionar maior acesso aos serviços de diagnóstico e de tratamento e contribuir para a redução da mortalidade.

O câncer de mama é o tipo mais comum entre as mulheres, no Brasil e no mundo, correspondendo a cerca de 25% dos novos casos de câncer a cada ano. Esse percentual é de 29% entre as brasileiras.

De acordo com os dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi), em 2022, estimam-se que o Brasil irá registrar 66.280 casos novos de câncer de mama, o que representa uma taxa de incidência de 43,74 casos por 100 mil mulheres. Já no Piauí, a estimativa é de 590 novos casos.

No Estado, ao longo de 2022, já foram notificados 187 novos casos de câncer de mama. Atualmente, o Piauí possui 77 mamógrafos, distribuídos em 17 municípios. Cada mamógrafo tem capacidade de fazer até 5.069 mamografias por ano. Segundo a Sesapi, o Piauí já realizou até julho deste ano, 28.219 exames de mamografia, sendo que 26.082 mulheres estavam na faixa etária alvo de 50 a 69 anos.

Cada uma dessas mulheres diagnosticadas têm uma história distinta em relação à doença, cada uma resistindo à sua batalha e, apesar de diferentes circunstâncias, todas elas ressaltam a importância dos exames, seja o de toque em si própria até os realizados em laboratórios feitos periodicamente para àquelas que passam dos 40 anos de idade ou têm histórico familiar da doença.

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Joyce Bezerra ministra palestras sobre o tema e faz tratamento contra o câncer de mama há cinco meses

Além da força das próprias mulheres que enfrentam a doença, o apoio familiar e dos amigos é de fundamental importância nessa caminhada.

Sobre o assunto, o pensarpiauí conversou com Joyce Pinho Bezerra, de 40 anos, dentista e professora de medicina na FAHESP-IESVAP, natural de Parnaíba- PI, que está fazendo tratamento para a cura do câncer de mama.

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Joyce Bezerra em ensaio para a campanha Outubro Rosa

Confira o bate-papo:

pensarpiauí- Como você descobriu que estava com câncer e como se sentiu? 

Joyce Bezerra- Eu estava deitada na minha cama e senti uma dor bem fina, uma leve pontada no peito. Fui apalpar e percebi uma área endurecida, mas não dei tanta importância, pois achei que seria a queloide (área de cicatrização defeituosa na pele) que tenho no peito. Então, dois dias depois dessa primeira dor, eu estava tomando banho e ao passar o sabonete embaixo do braço, percebi duas bolinhas embaixo da axila. A partir daí me preocupei e fui fazer exames. Fiz ultrassom de axila e mama, mamografia e uma biópsia tudo no mesmo dia. Dois dias depois eu recebi o diagnóstico que mudou toda a minha vida e foi divisor de águas da minha história. Primeiro a gente sente muito medo e, logo depois, um sentimento de negação toma conta. Eu não queria acreditar, nem falar sobre, nem pensar sobre. Mas graças a Deus eu tive tanto apoio, que o diagnóstico foi sendo absorvido e não entendi ele como uma sentença de morte, e sim de mais um capítulo da minha vida.

pensarpiauí- O que a descoberta da doença lhe ensinou?

Joyce Bezerra- O câncer pode te tirar muito, mas ele não apaga a sua história, quem você é ou o que você fez, quanto amor você viveu. Em resumo, a minha experiência com o câncer de mama está me ensinando basicamente três coisas: 1) Obedeça os médicos e a equipe multiprofissional (nutricionista, psicólogo, profissional de educação física, enfermeiros, farmacêutico, dentista). Eles sabem o que é melhor nesse momento para cuidar de você.

2) Acredite em você, no seu corpo e na sua cura. Se levante e enfrente de cabeça erguida. Nosso corpo é capaz de se recuperar, de suportar as dores, de se refazer e de se curar. A gente só precisa acreditar e mentalizar a cura.

3) Confie em Deus e no propósito que Ele preparou para sua vida. Quando a gente se liberta do medo e começa a confiar, todo o processo fica mais leve, você começa a receber respostas para suas perguntas e os anjos surgem para te ajudar a superar.

pensarpiauí- Quais experiências e testemunho você pretende passar para outras mulheres?

Joyce Bezerra- A minha experiência está sendo de muito sucesso, graças a Deus e a todo apoio que recebi esses cinco meses de tratamento. Fiz 16 sessões de quimioterapia e não perdi nenhuma por causa da imunidade. Eu tive todas as reações colaterais, passei mal em todas, fiquei enjoada, fraca, feridas na boca, manchas na pele, perdi todo o cabelo do corpo, mas, ainda assim, consegui manter a minha imunidade alta, com boas taxas sanguíneas e pensamento positivo. Na verdade, isso faz total diferença quando o assunto é imunidade: a nossa imunidade começa pela saúde mental. Tudo mudou quando eu comecei a pensar que não estava fazendo apenas quimioterapia, eu estava fazendo curateparia.

pensarpiauí- Como você define a batalha até agora contra o câncer de mama?

Joyce Bezerra- O câncer de mama te coloca de frente para a sua verdadeira essência. Se você for uma pessoa negativa, o câncer te derruba. Se você for uma pessoa positiva, você vai encontrar estratégias para ressignificar cada desafio dessa jornada, desenvolver resiliência e identificar por quais lutas vale a pena entrar. O câncer me colocou dentro do Bom Combate pela minha vida, e eu entendi que tinha que manter meu coração valente para chegar até aqui vitoriosa.