Ouro para o Brasil, com Ana Marcela, na maratona aquática em Tóquio

Ela completou a distância de 10 km em 1h59min30s8

Foto: Divulgação
Ana Marcela Cunha

Ana Marcela Cunha conquistou a medalha de ouro na maratona aquática nos Jogos de Tóquio, realizada ontem à noite (horário no Brasil). Com seus cabelos verde e amarelo, a baiana de Salvador fez uma ótima prova e deixou para trás suas adversárias na reta final. Ela completou a distância de 10 km em 1h59min30s8, pouco a frente da holandesa Sharon van Rouwendall (1h59min31s7). O bronze foi para a australiana Kareena Lee, com 1h59min32s5.

A brasileira de 29 anos chegou ao pódio olímpico pela primeira vez na carreira. Sua estreia foi nos Jogos de Pequim, em 2008, quando tinha apenas 16 anos e chegou na quinta colocação. Quatro anos depois, se frustrou por não conseguir a vaga para a Olimpíada de Londres. Já no Rio, em 2016, ficou em décimo lugar na prova que teve a brasileira Poliana Okimoto sendo bronze.

A medalha olímpica se junta a outros pódios de competições importantes. Só em Campeonatos Mundiais a nadadora tem 11 pódios, sendo os mais relevantes o tetra nos 25 km, o ouro nos 5 km, em 2019, e uma prata e dois bronzes na distância de 10 km. 

Enfim, a medalha olímpica

Os 10km de braçadas na marina de Odaiba eram pouco para o tanto que Ana Marcela Cunha esperou para subir ao pódio dos Jogos Olímpicos. Da promessa aos 16 anos nos Jogos de Pequim-2008 até o sonho realizado em Tóquio-2020, essa nadadora soteropolitana superou traumas em Londres-2012 e Rio-2016, fez história com 11 medalhas em Mundiais, enfrentou uma cirurgia grave e trocou de técnico. Tudo pela obsessão da glória olímpica. Valeu a pena.

"Finalmente!", desabafou assim que saiu da água

A nadadora baiana que defende a Unisanta, de Santos, mas mora no Rio de Janeiro desde 2018 para treinar no Parque Aquático Maria Lenk vive o ápice de uma carreira vitoriosa. Eleita seis vezes a melhor maratonista aquática do mundo, Ana Marcela recoloca o Brasil no pódio em prova onde Poliana Okimoto foi bronze nos Jogos Olímpicos do Rio.

A primeira experiência olímpica foi impressionante. Também na Ásia, uma jovem de 16 anos terminou em quinto lugar nos Jogos de Pequim e se encheu de esperança para o ciclo até Londres-2012. A não classificação para a disputa no Reino Unido é até hoje considerada a grande frustração de sua carreira, que divide espaço com o erro que comprometeu a estratégia no Rio de Janeiro.

Ao perder a reposição líquida, perdeu força nas águas de Copacabana e viu o favoritismo se transformar em décima colocação. Para Tóquio, era preciso fazer algo diferente, e Ana Marcela trocou de treinador. Saiu Márcio Latuf, entrou Fernando Possenti, que já tinha sido seu mentor no passado.

A descoberta de uma doença autoimune que destrói a produção de plaquetas sanguíneas colocou o ciclo em risco em 2017. Foi necessário retirar o baço para evitar complicações futuras e seguir saudável. Quatro anos depois, a confirmação de que tudo valeu a pena. Tudo. Desde o início nas piscinas até encarar as águas salgadas de Salvador, a partir de 2005.

O cabelo colorido de Ana Marcela agora tem tons dourados. A medalha olímpica chegou. E de ouro!