Olha a mamata: militares turbinam salários cumprindo função de bedel nas escolas cívicos-militares

Bandeira da gestão Jair Bolsonaro, o programa de colégios cívico-militares não alcança nem 0,1% das escolas públicas

Foto: Gilmar

 

Do Estadão, via DCM 

(…) Desde agosto, o colégio municipal Professor Lafayette Rodrigues Pereira, na periferia de Taubaté (SP), vê chegar uma pequena tropa de militares da reserva todos os dias, contratados com dinheiro público para garantir a ordem, fazer rondas, apoiar a direção, ensinar “valores” e o Hino.

Bandeira da gestão Jair Bolsonaro, o programa de colégios cívico-militares não alcança nem 0,1% das escolas públicas e paga só em adicional a militares da reserva mais do que ganham professores. O governo enaltece “padrões de ensino de colégios militares” e o foco na disciplina agrada a parte dos docentes e diretores. (…)

Militares da reserva de Marinha e Aeronáutica têm, além da renda de inativos, média de R$ 4.130 para atuar nas escolas, segundo dados obtidos pelo Estadão via Lei de Acesso à Informação. O Exército não informou. Patentes mais altas, como as de coronel e capitão, chegam a ter R$ 7 mil por mês em adicional. O bônus de 30% incide sobre a renda bruta que, nesses casos, supera R$ 20 mil. E há benefícios: férias, auxílio-alimentação e gratificação natalina.

Professores do Brasil têm os salários iniciais mais baixos de 40 países avaliados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O piso é de R$ 2.886 e o salário médio bruto, de R$ 4.040, segundo dados do MEC. Especialistas criticam a prioridade a militares, e não a educadores. (…)

Funcionários de um colégio militar de Belo Horizonte divulgaram manifesto contra o diretor da escola. Régis Rodrigues Nunes é acusado de submeter alunos a maus-tratos. O coronel de cavalaria também é acusado de não garantir o cumprimento de medidas sanitárias.

A decisão ocorreu no último fim de semana após alunos desmaiarem em evento do colégio. Cerca de 20 alunos passaram mal após ficarem horas esperando o ministro da Defesa. Eles tiveram de ficar de pé das 7h às 12h e alguns desmaiaram.

Fotos divulgadas no dia e que constam no documento mostram os jovens segurando espingarda (o que é proibido pelo ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente) e tomando água em bebedouro (prática proibida na pandemia). Há ainda uma imagem das crianças esperando atendimento médico.