O PT não aprende nunca!

Foram longos 67 minutos de entrevista exclusiva para a reporte Natuza Nery, dentro do Palácio do Planalto, no gabinete presidencial

Foto: Reprodução
O presidente Lula e a jornalista Natuza Nery

 

Por José Osmar, advogado

No dia 18/01/23 o Presidente Lula falou para a Globonews. Foram longos 67 minutos de entrevista exclusiva para a reporter Natuza Nery, dentro do Palácio do Planalto, no gabinete presidencial. Lula falou de eleição, do quase-golpe, dos militares, da situação do País...e da economia. Disse, entre outros, que os pobres precisam estar no orçamento, que o Banco Central não pode ser tão autônomo quanto quer ser, que os ricos precisam pagar mais impostos, que a meta de inflação não pode ser um dogma, que teto de gastos é uma panaceia...

No dia seguinte o jornal O Globo criticou duramente a fala de Lula sobre a economia, tanto em editorial quanto por meio de um dos seus colunistas, Álvaro Gribel. O título do editorial diz tudo: “Lula continua a derrapar quando fala de economia”.

O colunista Álvaro Gribel, por sua vez, diz que "Os problemas, na conversa [de Lula] com a jornalista Natuza Nery, apareceram apenas na área econômica. Nesse assunto, Lula continua errando grosseiramente, misturando conceitos, e o principal: colocando como objetivos antagônicos o combate à pobreza e a austeridade fiscal”. Ele prossegue: “De forma indireta, Lula segue o mesmo roteiro usado em 2014 na campanha de Dilma contra a então candidata presidencial Marina Silva, que foi acusada de tirar a comida do pobre, ao defender a independência do Banco Central".

Como se pode facilmente notar, para os irmãos marinho (‘donos’ do grupo globo) só o que importa é a economia – a deles – e, claro, a grana que ganham com ‘seus’ veículos de comunicação vendendo ilusão e fazendo terrorismo econômico contra o povo brasileiro noite e dia. Além, é claro, da extraordinária audiência que uma entrevista exclusiva com Lula dá a eles, o que resulta, por óbvio, em mais grana no bolso deles.

Enquanto isso, os 247, Jornal GGN, Carta Capital, DCM, Tijolaço, Blogda Cidadania e ainda outros tantos pequenos meios de comunicação ficam a ver navios, se contentando em repercutir as manchetes dos jornalões da direita. Justamente eles, os blogs ‘sujos’, que estiveram ao lado de Lula, do Partido dos Trabalhadores e da esquerda ao longo dos últimos vinte anos, sem arredar pé, firmes na defesa da democracia, da verdade e do povo brasileiro.

Para a nossa esquerda, no entanto, e para o PT em particular, os veículos de comunicação da família marinho e a grande mídia financeira nacional são como lâmpadas incandescentes, cujo brilho atrai os pequenos voadores para a morte. As mariposas talvez não saibam que a luz é quente e mata, mas os petistas com certeza sabem. Porém, o brilho é irresistível, como agora se viu acontecer com a primeira dama Janja, pousando fagueira e exclusiva para as câmeras do Fantástico, as mesmas que em 2011 filmaram Dilma Roussef com toda a pompa, e em 2016 a mandaram para o cadafalso. É como se não soubessem que a comunicação que importa hoje é aquela que é feita no mundo da blogosfera. Nesse ponto, Bolsonaro dá de olé no Lula e no PT.

Vão ser burros e mal-agradecidos assim na baixa da égua!

Veja o que diz o editorial de hoje do Globo 

O jornal O Globo, que apoiou o golpe de estado de 2016, a prisão política de Lula e a eleição de Jair Bolsonaro, para que fosse aplicado um choque neoliberal que trouxe a fome de volta ao País, atacou o presidente logo após sua primeira entrevista exclusiva à Globonews. Em editorial do Globo desta sexta-feira, Lula é classificado como um líder que segue o "manual do populismo de esquerda", ignorando que seus governos foram marcados por desenvolvimento econômico, controle da inflação, equilíbrio fiscal e redução da desigualdade.

"Em vez de aceitar a realidade, Lula insiste em insinuar que quem é a favor do controle de gastos é contra o combate à fome, à pobreza ou à desigualdade — visão sem cabimento. Repetiu que ninguém pode cobrar dele responsabilidade fiscal porque ele foi responsável quando esteve no poder. Obviamente, o mais importante não é o que fez, mas o que fará. E, até agora, o controle das contas públicas, hoje sujeitas a um déficit estrutural da ordem de 2% do PIB, continua restrito às promessas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Sem o compromisso de Lula, será difícil transformá-las em realidade, tantas as demandas por recursos do governo", escreve o editorialista.

"Para piorar, Lula também atacou a meta de inflação para este ano: 3,25%. O novo governo tem todo o direito de discutir as metas, mas na instância adequada e no momento certo. Ao fazer a crítica numa entrevista, Lula sabota o trabalho do BC, empenhado em ancorar a expectativas de inflação futura de consumidores, empresários e investidores. Em vez de ajudar a derrubar os juros e a elevar a perspectiva de crescimento (desejo de Lula e do Brasil), a declaração tem o efeito contrário", acrescentou.

No último parágrafo, o editorialista faz uma ameaça. "Os avanços na área social nos dois primeiros mandatos de Lula são incontestáveis. O atual papel do presidente na defesa da democracia tem sido e continuará sendo primordial. Na área econômica, infelizmente, o quadro é mais incerto. O mundo mudou desde que Lula passou a faixa a Dilma Rousseff. O PIB não voltará a crescer como antes, quando havia crédito abundante e o cenário externo era favorável. Cada demonstração de amadorismo de Lula na economia cobrará seu preço. Também na política", finaliza.