O Impacto das Redes Sociais na Atuação dos Menores Infratores: Novos Desafios

As redes sociais também têm sido utilizadas como canais para o tráfico de drogas

Por Elzenira Rodrigues, filósofa 

Nos últimos anos, as redes sociais se tornaram uma parte fundamental da vida cotidiana, especialmente entre os jovens. Se, por um lado, essas plataformas oferecem oportunidades de socialização e aprendizado, por outro, também apresentam riscos significativos, particularmente no que se refere à atuação de menores infratores. O anonimato e a falta de vigilância em ambientes digitais permitem que muitos menores se envolvam em atividades criminosas, como o bullying virtual, o tráfico de drogas e a prática de crimes virtuais, como fraudes e hackeamento.

Esse fenômeno tem gerado uma nova gama de desafios para as autoridades, educadores e famílias, que precisam se adaptar a um cenário digital em constante evolução. Este artigo tem como objetivo analisar o impacto das redes sociais na facilitação de crimes cometidos por menores, investigando suas implicações legais, sociais e psicológicas, e propondo possíveis soluções para mitigar esses impactos.

A Influência das Redes Sociais no Comportamento dos Menores

As redes sociais permitem que os menores interajam com um número elevado de pessoas, muitas vezes sem a supervisão de adultos, o que os torna mais vulneráveis a influências externas, incluindo aquelas que incentivam comportamentos criminosos. Estudos apontam que, ao mesmo tempo em que oferecem novas formas de socialização, as redes sociais criam um espaço propício para a exposição a conteúdos prejudiciais, como pornografia, discurso de ódio e, particularmente, atividades ilícitas, como o tráfico de drogas.

Bullying Virtual

O bullying virtual tem sido um dos crimes mais recorrentes envolvendo menores nas redes sociais. O anonimato proporcionado pelas plataformas digitais facilita o abuso psicológico e a disseminação de discursos agressivos e difamatórios. Segundo dados do Comitê de Proteção à Criança e ao Adolescente (2023), aproximadamente 40% dos adolescentes já relataram ser vítimas de bullying online, sendo este um fator importante para o aumento da agressividade e da violência entre os jovens.

O impacto psicológico do bullying virtual é significativo, podendo levar a casos de depressão, ansiedade e, em casos extremos, ao suicídio. O anonimato das redes sociais contribui para a sensação de impunidade entre os agressores, dificultando a identificação e responsabilização.

Tráfico de Drogas

As redes sociais também têm sido utilizadas como canais para o tráfico de drogas, especialmente por meio de grupos fechados e mensagens privadas. Com a facilidade de comunicação instantânea, os menores têm acesso direto a redes de tráfico e podem facilmente se envolver na distribuição de substâncias ilícitas. De acordo com um relatório da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (2022), mais de 25% das apreensões de drogas realizadas em escolas no Brasil estavam relacionadas ao uso de plataformas digitais para a negociação e venda de entorpecentes.

Esses ambientes digitais permitem que o tráfico de drogas seja realizado de maneira clandestina, dificultando o rastreamento e a atuação das autoridades. Além disso, os menores envolvidos geralmente têm pouca compreensão dos riscos legais e sociais dessa prática, o que agrava a situação.

Crimes Virtuais

Os crimes virtuais cometidos por menores têm ganhado destaque nos últimos anos. Fraudes financeiras, roubo de dados, hacking e ataques cibernéticos são algumas das práticas que têm sido executadas por jovens que, muitas vezes, possuem habilidades avançadas em informática. O fenômeno do "cybercrime" entre menores é crescente, especialmente no que se refere a crimes como clonagem de cartões de crédito e a prática de fraudes financeiras por meio de plataformas digitais.

Estudos da Polícia Federal (2024) indicam que, em 2023, houve um aumento de 15% nos casos de crimes virtuais envolvendo menores de idade, com destaque para o roubo de dados e a utilização de informações pessoais para fins ilícitos. A facilidade de acesso à tecnologia e a falta de educação digital contribuem para o envolvimento de menores em tais atividades.

Considerações Finais

As redes sociais desempenham um papel ambíguo na vida dos menores. Se, por um lado, elas proporcionam novas formas de comunicação e aprendizado, por outro, elas ampliam os riscos associados ao comportamento criminoso. O anonimato, a falta de fiscalização e a facilidade de acesso a conteúdos ilícitos fazem das plataformas digitais um terreno fértil para atividades ilegais, como o bullying, o tráfico de drogas e os crimes virtuais.

É necessário um esforço conjunto entre famílias, escolas, autoridades e plataformas digitais para promover uma maior educação digital e conscientização sobre os riscos da internet. Além disso, políticas públicas voltadas à proteção dos menores, com o desenvolvimento de programas de prevenção e apoio psicológico, são essenciais para minimizar os impactos negativos do uso das redes sociais.