O Ceará ocupa posição estratégica na política nacional, sendo o único estado onde a capital é governada pelo PT, algo inédito nos últimos oito anos. A vitória de Evandro Leitão (PT) em Fortaleza reforça a força do grupo liderado por Camilo Santana, ministro da Educação e ex-governador do estado por dois mandatos. Com uma gestão bem avaliada, Camilo conseguiu eleger seu sucessor, Elmano de Freitas (PT), ainda no primeiro turno, superando adversários como Capitão Wagner (União) e Roberto Cláudio (PDT).
Além do cenário estadual, Camilo teve papel decisivo no desempenho de Lula no Ceará nas eleições de 2022. Entre o primeiro e o segundo turno, o petista ampliou a vantagem no estado, chegando a quase 70% dos votos. O próprio ex-governador também teve uma eleição expressiva para o Senado, consolidando-se como um dos principais nomes do PT. Com isso, tornou-se peça-chave no governo federal, assumindo o Ministério da Educação e liderando programas como o Pé-de-Meia. Nos bastidores, seu nome circula como possível candidato à Presidência em 2026, possibilidade que ele nega.
Outra liderança cearense de destaque é o deputado federal José Guimarães (PT), líder do governo Lula na Câmara. Ele já foi cogitado para presidir o PT nacionalmente, mas tem demonstrado interesse em disputar uma vaga no Senado. O cenário, no entanto, indica que o PT pode enfrentar dificuldades nas articulações para 2026, já que a legenda domina a prefeitura da capital, o governo estadual e a Presidência da República, criando uma disputa interna por espaço.
A Oposição e o Crescimento da Direita
Historicamente, a esquerda domina as eleições presidenciais no Ceará, com apoio ao PT sempre acima de 70% no segundo turno. No entanto, a direita tem avançado no estado nos últimos anos. Em 2022, Bolsonaro chegou a 30% dos votos, o maior percentual da direita em duas décadas. Em 2024, esse crescimento se confirmou com André Fernandes (PL), aliado de Bolsonaro, que teve 49,62% dos votos na disputa pela prefeitura de Fortaleza, perdendo para Evandro Leitão por uma diferença de apenas 10,8 mil votos. Fernandes conseguiu apoio de Capitão Wagner e Roberto Cláudio no segundo turno, fortalecendo a oposição no estado.
Apesar desse crescimento, a oposição ainda enfrenta dificuldades para consolidar uma liderança. Com Bolsonaro inelegível, não há um nome claro que possa unificar os grupos de direita e centro-direita no Ceará.
O Declínio do PDT
O PDT, que já teve forte influência no Ceará com Ciro Gomes, enfrenta um período de crise. Em 2022, Roberto Cláudio ficou em terceiro na disputa pelo governo estadual, e Ciro teve um dos piores desempenhos de sua carreira política, com apenas 6,8% dos votos no estado. Em 2024, José Sarto (PDT) ficou em terceiro na disputa pela prefeitura de Fortaleza, o que agravou a crise da sigla. Além disso, o partido tem perdido vereadores, prefeitos e deputados, tanto no nível estadual quanto federal.
O futuro da oposição dependerá de como as forças políticas irão se reorganizar. Enquanto o PT segue fortalecido, a direita busca se consolidar, e o PDT tenta se reinventar para recuperar espaço.
(Fontes: Igor Cavalcante, Diário do Nordeste)