O bolsonarista Gustavo Gayer esta na mira da Polícia Federal

PF deflagra operação que investiga falsidade ideológica, falsificação de documentos, associação criminosa e peculato

Na manhã de sexta-feira, 25 de outubro, a Polícia Federal (PF) deflagrou a operação "Discalculia" para investigar o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) por supostos desvios de verbas públicas e envolvimento em atos antidemocráticos. A operação, autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), cumpriu 19 mandados de busca e apreensão em Brasília e em quatro cidades goianas: Cidade Ocidental, Valparaíso, Aparecida de Goiânia e Goiânia. 

As suspeitas contra Gayer surgiram após a análise de um celular apreendido de um empresário próximo ao deputado. A PF identificou indícios de que Gayer e esse empresário teriam atuado em conluio para direcionar recursos públicos a atividades ilegítimas, incluindo os atos de 8 de janeiro, quando a sede do governo foi invadida por manifestantes. O empresário, que já havia sido alvo de uma operação anterior, enfrenta acusações de incitação e financiamento para a tomada dos prédios públicos. 

O ministro Alexandre de Moraes, do STF, destacou que Gayer utilizou assessores e verbas parlamentares em prol de interesses privados, como uma loja e uma escola de inglês, que funcionavam em locais custeados por recursos da cota parlamentar. Documentos apreendidos pela PF sugerem que o deputado tentou, sem sucesso, contratar o empresário como secretário parlamentar. Contudo, Gayer contratou uma empresa em nome do empresário, transferindo R$ 24 mil em três parcelas, que a PF acredita terem sido usadas para viabilizar o recebimento de "recursos públicos indevidos". 

Além das acusações de associação criminosa, falsidade ideológica e peculato-desvio, as investigações apontam a criação de uma organização social com a finalidade de desviar verbas. A PF encontrou uma ata falsificada de criação dessa entidade, que incluía crianças entre um e nove anos como membros, revelando um esquema complexo e fraudulento. 

Os delitos em investigação incluem, entre outros, o uso da cota parlamentar, que deve ser utilizada exclusivamente para atividades relacionadas ao mandato, para sustentar negócios pessoais do deputado e de seus assessores. Os indícios coletados pela PF sugerem que os secretários parlamentares de Gayer eram empregados em demandas privadas, desvirtuando o uso de recursos públicos. 

A operação "Discalculia" também revelou um suposto esquema de corrupção em que a cota parlamentar foi desviada para fins pessoais e privados, violando a legislação. Em um dos locais investigados, a PF apreendeu R$ 72 mil em espécie, o que alimenta ainda mais as suspeitas de irregularidades financeiras. 

Gustavo Gayer, um parlamentar controverso e aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, já enfrentou diversas polêmicas ao longo de sua carreira política, incluindo acusações de racismo e assédio eleitoral. Em 2022, foi denunciado ao STF por incitação ao racismo, após fazer comentários considerados discriminatórios em um podcast. Em outra ocasião, ele foi condenado a pagar R$ 80 mil por coagir trabalhadores a votar em Bolsonaro, acusação que ele nega.