Nordeste: Lula marca espaço e tenta refazer pontes para 2022

O ex-presidente tem recebido bastante apoio e carinho do povo em sua viagem pelos estados do Nordeste

Foto: Pt.org
“O Brasil nunca precisou tanto da esquerda governando como agora”, discursou o ex-presidente no Maranhão

UOL-  "Não estou aqui como candidato." O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva repetiu esse mesmo discurso nesta semana no Recife, em Teresina e em São Luís, as três primeiras cidades visitadas por ele no giro que o petista faz pelo Nordeste.

A viagem começou pelo destino mais importante neste momento: Recife, onde foi recepcionado pelo governador Paulo Câmara (PSB) e pelo prefeito do Recife, João Campos (PSB).

PT e PSB vivem uma eterna saga de idas e vindas em Pernambuco. Em 2020, os dois partidos travaram uma intensa disputa pela Prefeitura do Recife, com uso explícito do antipetismo na campanha de João Campos contra Marília Arraes (PT). O episódio deixou marcas, e o próprio governador chegou a dizer, no dia da eleição, que a parceria em âmbito estadual deveria ser avaliada.

Mas Câmara não só demonstra que as rusgas são coisa do passado, como deixa isso explícito em publicação no Twitter, com uma foto com Lula e a defesa de "uma frente ampla do campo progressista para derrotar Bolsonaro".

Ainda em Pernambuco, Lula foi recebido pela cúpula do PDT e de outros partidos, visitou um assentamento sem-terra e conversou com juristas. Ele esteve acompanhado da presidente do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), que disse ao UOL que as conversas não têm como foco 2022. "O objetivo não é estruturar alianças para 2022, não estamos colocando isso como meta [nessa viagem]. Lula quer ouvir as lideranças que querem defender o campo democrático, para conversar sobre o futuro do Brasil, garantir que tenhamos um processo livre e democrático. É possível que alguns deles estejam com a gente [em 2022]? É, mas não é esse o objetivo aqui", afirmou à reportagem.

E o centrão?

No Piauí, Lula foi recebido pelo governador, o petista Wellington Dias e pelo provável candidato ao governo, o secretário da Fazenda, Rafael Fonteles, que teve esteve acompanhando Lula no eventos em Teresina.

Na capital piauiense, Lula disse que seu ex-aliado Ciro Nogueira (PP), atual chefe da Casa Civil do presidente Jair Bolsonaro, deve ser um "casamento breve".

"O centrão não é um partido político. Eles se juntam ocasionalmente, como se juntaram agora para tentar salvar o Bolsonaro, mas nem eles vão conseguir, porque Bolsonaro é ingovernável. Vocês vão ver que muitos [que hoje estão com Bolsonaro] vão pular do barco, eles vão olhar para os seus estados", disse Lula.

Maranhão 

No Maranhão, onde o governador Flávio Dino (agora no PSB) é aliado de longas datas, as arestas a serem aparadas estão na base de apoio. 

Pelo menos três nomes estão de olho no apoio de Lula na sucessão do Palácio dos Leões, entre eles, dois de partidos que devem candidatos à Presidência: o vice-governador Carlos Brandão (PSDB) e o senador Weverton Rocha (PDT).

Lula também aproveitou a ida ao Maranhão e participou de um jantar com o ex-presidente José Sarney, ao lado de Roseana Sarney e Edison Lobão. "Foi um encontro extraordinário. Eu não esqueço as pessoas que foram justas comigo. Eu não fui conversar política, fui por cordialidade", disse Lula.

Desde ontem, Lula está no Ceará, onde fica até a segunda-feira, quando parte para o último destino da viagem: o Rio Grande do Norte.