A aliança entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o bilionário Elon Musk entrou em colapso nesta quinta-feira (5), com uma troca pública de acusações que escancarou a deterioração da relação entre dois dos nomes mais influentes do conservadorismo norte-americano. O rompimento se deu durante a visita oficial do primeiro-ministro alemão, Friedrich Merz, à Casa Branca, quando Trump afirmou estar "profundamente decepcionado" com Musk, ex-secretário de seu governo e figura central na campanha vitoriosa de 2024. Com informações do Valor Econômico.
O estopim da crise foi a crítica aberta de Musk ao novo pacote de cortes de impostos e gastos em tramitação no Senado. Trump reagiu com sarcasmo: sugeriu que o empresário estaria sofrendo de “síndrome da raiva de Trump” e insinuou um desejo latente de retornar ao centro do poder. “Elon e eu tínhamos um ótimo relacionamento. Não sei se continuaremos assim”, declarou o presidente, em tom cortante.
Musk respondeu quase imediatamente, usando sua própria plataforma, a rede social X. Em uma postagem incisiva, afirmou: “Sem mim, Trump teria perdido a eleição”. A fala foi vista como uma tentativa direta de reescrever os créditos pela vitória republicana, confrontando a versão de Trump, que havia minimizado o papel do bilionário ao afirmar que venceria “com ou sem os US$ 250 milhões” investidos por Musk na campanha.
O atrito ganhou novos capítulos quando Trump acusou Musk de já conhecer os detalhes do pacote fiscal que agora critica. O empresário, novamente via X, rebateu: “Falso. Este projeto de lei nunca me foi mostrado. Nem uma vez. Foi aprovado às pressas, na calada da noite”.
O confronto marca uma inflexão drástica nas relações entre duas figuras que, até poucos meses atrás, simbolizavam a convergência entre o poder político de Washington e o capital tecnológico do Vale do Silício. Musk, que teve papel crucial nas estratégias digitais e nos bastidores da reeleição trumpista, agora se posiciona como uma voz crítica do governo que ajudou a eleger — num movimento que levanta alertas sobre os riscos da proximidade entre bilionários e o aparelho estatal.
A ruptura tem potencial para redesenhar forças em Washington. Musk ainda mantém enorme influência sobre setores do eleitorado conservador e pode afetar decisões no Congresso, em especial num momento de impasse em torno do pacote econômico. Sua nova postura de confronto pode galvanizar parlamentares dissidentes e tensionar ainda mais a já fragmentada base republicana.
Com os dois protagonistas dispostos ao embate aberto, os Estados Unidos mergulham em uma fase de instabilidade política marcada pela colisão entre egos bilionários e disputas internas por protagonismo. A aliança que parecia inabalável revela-se, agora, uma construção frágil, movida mais por conveniências táticas do que por lealdade.