Movimento bolsonarista espalha "outdoors" em Teresina

Eles pedem o voto impresso - agora chamado de auditável

Foto: Divulgação
Campanha bolsonarista

Anúncios espalhados por Teresina dão conta de um movimento muito forte que ronda Brasilia, está nos estados brasileiros e encontra eco em muitos setores militares. A defesa do voto impresso - agora chamado de auditável - é uma bandeira bolsonarista que está ganhando cada vez mais adesão justamente no ano em que a urna eletrônica completa 25 anos de existência. Com um projeto neste sentido tramitando no Congresso, a campanha chegou a capital do Piauí em forma de "outdoors". As peças são assinadas por Movimento Liberta Piauí, Direita Feminina e Avança Piauí. 

Um levantamento feito pelo Instituto Ideia (antigo Instituto Ideia Big Data) e publicado nesta semana pela UOL aponta que o discurso do presidente Jair Bolsonaro contra as urnas eletrônicas reverbera também entre os policiais militares. Foram realizadas 150 entrevistas com policiais militares de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Ceará e Pernambuco, ao longo de três anos, que responderam às questões em seis oportunidades durante esse período.

Em outubro de 2018, antes da posse, 30% dos entrevistados declararam confiar muito na urna eletrônica. Essa taxa diminuiu pela metade em 2021. Na mão inversa, houve um aumento de 20 pontos percentuais entre 2018 e 2021, chegando a 55% dos entrevistados que disseram não confiar na urna eletrônica.

"As afirmações de Bolsonaro encontram eco também na população em geral. Uma pesquisa nacional do Instituto Ideia, com 1.200 entrevistas, revela que, em outubro de 2018, 42% da população confiava muito na urna eletrônica. Em maio de 2021, essa parcela caiu para 27%. Por outro lado, aqueles que não confiavam na urna eletrônica em 2018 eram 22%. Esse percentual aumentou ano a ano, chegando a 33% em 2021", observa a entrevista.

No sábado passado, 27, os presidentes de 11 partidos, inclusive de legendas aliadas ao presidente Jair Bolsonaro, como o PP e o PL, decidiram se opor publicamente à Proposta de Emenda Constitucional (PEC) para reintroduzir o sistema que utiliza o voto impresso no Brasil. O texto, apresentado pela deputada bolsonarista Bia Kicis, também é rechaçado por ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Para ser aprovada, a PEC precisa do apoio de pelo menos 308 deputados, mas apenas os parlamentares pertencentes aos partidos reunidos no sábado já somam 326 dos 513 votos.

Mas, apesar da manifestação pública dos partidos, a tramitação da PEC avança na Câmara dos Deputados e, na segunda-feira, 28, o relator, deputado bolsonarista Filipe Barros, apresentou seu parecer na Comissão Especial. De acordo com o documento, torna-se obrigatória a impressão do voto, que seria depositado automaticamente em uma urna, sem nenhum contato manual. O eleitor poderia conferir o voto pela sua impressão, que também seria utilizada para fins de auditagem da apuração. Os especialistas em direito eleitoral, no entanto, advertem que é justamente a reintrodução do papel no processo que abre caminho para eventuais fraudes. Entendimento compartilhado também pelo presidente do TSE, o ministro Luis Roberto Barroso. 

Luis Roberto Barroso tem defendido a urna eletrônica diariamente e afirmou que o voto eletrônico no formato adotado no país atualmente é inteiramente auditável. Segundo ele, a implementação do voto impresso seria uma forma de viabilizar o  "voto fraudável". "Ninguém ache que se está criando um novo mecanismo de auditoria. Está se criando um argumento para potencializar o risco de fraude", afirmou, em recente entrevista coletiva. É muito mais fácil fraudar uma eleição com voto impresso do que a urna eletrônica, que não está ligada à internet e, portanto, não pode ser hackeada. O ministro alerta para o risco de golpe.

Nessa sexta-feira, 02, representantes de movimentos sociais compartilharam nos grupos de whatssApp mensagem pedindo que as pessoas se manifestem no site do Senado sobre o projeto de lei. "URGENTE - O Presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, acatou o projeto do "Voto Impresso" e o colocou no site do Senado para Consulta Pública, porém não está sendo divulgado e os bolsonaristas estão votando "sim” em massa para parecer que o povo brasileiro quer isso e fazer com que haja manipulação dos resultados na próxima eleição. Precisamos urgentemente mostrar a nossa vontade votando "NÃO", para desmascarar mais essa farsa".

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