Morre a atriz Lúcia Alves, destaque em "Irmãos Coragem" e "O Cravo e a Rosa"

Ela tinha 76 anos

A atriz Lúcia Alves, conhecida por papéis marcantes na teledramaturgia brasileira, como Índia Potira em Irmãos Coragem e Mimosa em O Cravo e a Rosa, faleceu aos 76 anos. A morte foi confirmada na tarde desta quinta-feira (24) pela Casa de Saúde São José, no Rio de Janeiro.

Internada desde o dia 14 de abril na unidade de terapia intensiva (UTI), Lúcia enfrentava um câncer no pâncreas. A atriz também era diagnosticada com diabetes e sofria de fascite plantar, uma inflamação no tecido que conecta o calcanhar aos dedos dos pés.

Uma trajetória marcada pela versatilidade

Filha do bancário Almir Alves da Silva e da psicóloga Edy Pinheiro Alves, Lúcia chegou a considerar seguir os passos da mãe, desejando dirigir uma escola para crianças com síndrome de Down. Formou-se em fonoaudiologia antes de decidir dedicar-se à carreira artística.

A estreia na televisão ocorreu em 1969, na novela Enquanto Houver Estrelas, da TV Tupi. No mesmo ano, ingressou na TV Globo, onde deu vida à personagem Geralda, em Verão Vermelho. Seu grande reconhecimento viria em 1970, com a interpretação da Índia Potira em Irmãos Coragem, de Janete Clair.

Ao longo de seis décadas de carreira, Lúcia transitou com naturalidade entre dramas e comédias, participando de diversas produções marcantes, como Bicho do Mato (1972), Carinhoso (1973), Helena (1975), Nina (1977), Eu Prometo (1983), Partido Alto (1984), Ti Ti Ti (1985), Barriga de Aluguel (1990), Mulher (1998), Sob Nova Direção (2004–2007), entre outras.

Seu trabalho mais recente na TV Globo foi uma participação especial em Joia Rara, em 2013. Posteriormente, esteve na TV Brasil, onde atuou no seriado República do Peru (2015), encerrando sua trajetória na televisão.

No cinema, integrou o elenco de filmes como Lua Cheia (1989) e Bendito Fruto (2004).

Despedida das novelas

Desde 2015, Lúcia estava afastada das telas e demonstrava pouca disposição para retornar. Em entrevista ao jornal O Globo, em março deste ano, comentou sobre sua decisão:
"Hoje é muita decoreba. Não tem nenhum texto de televisão que vale a pena. Todo artista tem o seu auge. E depois que passa o auge, começa a se repetir um pouco. Aí perde um pouco da magia."

A luta contra o câncer

No início de 2025, Lúcia compartilhou detalhes sobre o tratamento oncológico que enfrentava, incluindo sessões semanais de quimioterapia. "Fico cansada no dia seguinte, mas depois normaliza", afirmou, acrescentando que o processo havia se tornado mais exigente com o tempo.

Apesar das limitações, mantinha uma postura resiliente. "A melhor coisa é aceitação. Quando você compreende isso e aceita as coisas, tudo se modifica e fica melhor", disse, em tom sereno. "Aceito a vida com as limitações que ela traz hoje em dia. Mas ainda tomo minha cervejinha (...). Bebo muito menos, quase nada. E não atrapalha meu tratamento."

Lúcia Alves deixa um legado de talento, leveza e autenticidade que marcaram gerações de telespectadores.