Há poucos meses, seria impensável: Michelle Bolsonaro, em um gesto público, abraçando e beijando o enteado Carlos Bolsonaro. Mas a cena aconteceu — e pode representar mais do que um simples ato de afeto.
Segundo aliados próximos à família Bolsonaro e integrantes do PL, essa reaproximação entre a ex-primeira-dama e o filho mais influente de Jair Bolsonaro tem potencial para redesenhar a estratégia da direita com foco em 2026.
Desde o início da carreira política, Bolsonaro sempre priorizou os filhos nos principais movimentos. Carlos, em especial, é considerado seu principal conselheiro e responsável pela gestão das redes sociais — papel que lhe garantiu protagonismo nos bastidores do bolsonarismo. Por isso, a relação conturbada entre ele e Michelle sempre foi vista como o maior obstáculo à ideia de lançá-la como possível sucessora do ex-presidente.
Agora, o cenário parece estar mudando.
A recente cirurgia de Bolsonaro, realizada em Brasília, promoveu um reencontro inesperado entre Michelle e Carlos. Com Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos e Flávio ausente mesmo durante a internação do pai, os cuidados com o ex-presidente ficaram a cargo, justamente, daqueles que pouco se falavam até então.
Michelle assumiu o papel de porta-voz informal sobre o estado de saúde do marido, filtrando visitas e zelando pela recuperação. Carlos, por sua vez, deixou o Rio de Janeiro para acompanhar de perto o pai e se uniu à madrasta em um esforço conjunto de apoio.
De acordo com membros do PL ouvidos pela colunista Bela Megale, o gesto simbólico de Michelle durante ato na Avenida Paulista, no início do mês — ao chamar todos os filhos de Bolsonaro ao palco e incluir Carlos em um abraço público — foi decisivo para iniciar a reconciliação com o vereador carioca.
Pessoas próximas ao clã relatam que Carlos ficou visivelmente emocionado e surpreso com a atitude.
Nos bastidores, a leitura é clara: se Carlos deixar de resistir à ideia, Jair Bolsonaro pode, enfim, aceitar a candidatura de Michelle em 2026, caso sua inelegibilidade seja mantida.
Com os filhos sob investigação e o bolsonarismo em busca de uma “face mais palatável” para o eleitorado conservador, Michelle emerge como o nome mais viável para liderar a direita nas próximas eleições.
O que antes os separava, agora os une: a adversidade.
E dessa nova aliança pode nascer a virada que moldará os rumos da disputa presidencial do próximo ano.