Aos 77 anos, Marco Nanini vive um momento marcante em sua trajetória: participou pela primeira vez da Parada do Orgulho LGBTQIA+ de São Paulo, realizada neste domingo, 22.
O consagrado ator, conhecido por papéis emblemáticos em A Grande Família e O Auto da Compadecida, se sentiu especialmente tocado pelo tema desta edição — “Envelhecer LGBT+: Memória, Resistência e Futuro” —, que celebra a visibilidade e a representatividade das pessoas LGBTQIA+ idosas.
Nanini explicou o motivo que o levou a participar:
“Decidi ir justamente pelo tema. A luta do movimento LGBT+ (ou dos viados, porque eu sou pré-dinossauro) é tão grande e tão violenta, no bom sentido [...] Hoje percebo isso com mais clareza, então resolvi mudar minha postura. Não sou uma pessoa expansiva ou engraçada fora dos palcos, porque isso já faço no teatro [...]”.
Para ele, sua presença no evento é também um gesto político:
“[Estarei lá] para mostrar que não há problema algum em ser gay. A gente não pode parar de falar sobre isso. Apesar dos avanços, é fundamental continuar, para não retrocedermos. É uma luta danada, mas tem seu sabor também”.
A participação tem ainda mais peso considerando que Nanini só assumiu publicamente sua homossexualidade em 2011, aos 65 anos, após décadas de carreira e uma postura reservada. “Nunca escondi”, afirmou. “Se as pessoas percebiam ou desconfiavam, tanto faz”.
O impulso para tornar pública sua orientação sexual veio após um ataque homofóbico na Avenida Paulista, onde jovens agrediram pessoas LGBTQIA+ com lâmpadas fluorescentes. “Fiquei tão chocado com aquilo que pensei: ‘Preciso me posicionar, dizer que não gostei daquilo e explicar por quê’”, relembrou.
Nanini vive há 36 anos um relacionamento aberto com Fernando Libonati, seu produtor.
“Tenho um vínculo muito forte com ele. Somos casados, mas moramos em casas separadas. Nunca tive ciúmes. Acho o ciúme uma desgraça, uma coisa horrorosa. Sempre disse: ‘Por que me aprisionar? Por que aprisionar alguém que amo?’ Não se trata de cair na gandaia, mas de viver com liberdade, sendo quem se é, sem culpa ou medo”.