Marcelo Freixo explica porque o preço da gasolina é tão alto

Se em condições econômicas normais a atual política de preços é nociva, em meio à pior crise da nossa história, ela é fatal

Foto: DW
Marcelo Freixo (PSOL)

Por Marcelo Freixo, deputado federal. no Facebook                        

Quero explicar a vocês COMO a política do desgoverno Bolsonaro levou ao aumento de preços da gasolina, do gás, da passagem de ônibus e comida, e O QUE FAZER para resolver.

O Brasil produz a maior parte do petróleo que consome, e a custo relativamente baixo. O que as refinarias fazem é transformar esse petróleo bruto em combustível: gasolina, gás de cozinha, diesel.

A Petrobras dominava 98% do refino, mas por causa das políticas de Temer e Bolsonaro esse percentual caiu para 66%. Abrir mão do refino significa entregar o poder de definir o preço da gasolina que todos nós pagamos às Bolsas de NY e Londres. Com isso, eles abriram caminho à privatização, objetivo final dos ultraliberais que apoiaram Temer e agora estão com Bolsonaro, apesar do teatro que fazem em público. 

Foi no governo Temer, em 2016, que o preço do petróleo vendido pela Petrobras passou a acompanhar o preço praticado no mercado internacional, mesmo com nossos custos internos de produção sendo menores. Esse alinhamento automático à cotação global provoca aumentos constantes que afetam nossa soberania por deixar o país exposto à instabilidade externa. Bolsonaro e Guedes avançaram ainda mais nessa política predatória, fazendo a Petrobras vender ativos e refinarias.

Quem ganha com isso? As importadoras de combustível e investidores do mercado financeiro que optam por ações da Petrobras buscando lucratividade de curto prazo e não investimentos de longo prazo.

Quem perde? A população brasileira, que tem seu poder de compra reduzido; a Petrobras, que perde poder de influenciar o preço do petróleo e os investidores que apostam em sua sustentabilidade de longo prazo como empresa forte. 

O que fazer? As ações do governo tem de ter previsibilidade e racionalidade. É possível fazer isso estabelecendo uma política transparente de promoção da soberania nacional que passe pelos seguintes pontos.

Primeiro: ampliação dos investimentos, o que vai garantir a sustentabilidade econômica de longo prazo da empresa. Temer e Bolsonaro reduziram drasticamente o ritmo de investimentos. 

Segundo: suspensão da venda das refinarias e retomada da atuação da Petrobras de forma integrada na cadeia econômica do combustível, do refino à distribuição. A estatal não pode ser reduzida ao papel de mera exportadora de óleo cru.

Terceiro: revogação da atual política de vinculação aos preços internacionais, estabelecendo uma estratégia que concilie previsibilidade para os investidores de longo prazo à necessidade de conter as flutuações internacionais.

Essas propostas não são jabuticabas. Diversos países têm instrumentos para absorver esses choques de preços para preservar o poder de compra da população e proteger a soberania nacional. Precisamos também caminhar para uma economia menos dependente do petróleo. É preciso posicionar a Petrobras como peça chave nessa transição, ampliando gradativamente o investimento em biocombustíveis e usinas eólicas e solares.

Se em condições econômicas normais a atual política de preços é nociva, em meio à pior crise da nossa história, ela é fatal. As políticas econômica e energética têm de atender os interesses da população e do desenvolvimento nacional, e não de poucos privilegiados.

A ALTA DOS COMBUSTÍVEIS massacra os brasileiros. Sobe gasolina, gás de cozinha, passagem de ônibus, comida. E essa conta é de Bolsonaro. Arroubo autoritário não resolve. É preciso seriedade, transparência e política de Estado, coisas de que ele não é capaz.