Com a aproximação das eleições de 2026, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou ao PT que a prioridade estratégica deve ser lançar candidatos competitivos para o Senado, mesmo que isso signifique sacrificar disputas ao governo estadual. Essa decisão, noticiada pelo Globo, busca enfrentar um possível avanço da oposição liderada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que mobiliza o Partido Liberal (PL) para conquistar o maior número de cadeiras na Casa Legislativa.
“O Senado é central para a governabilidade e para a estabilidade política do governo. Temos que nos preparar para qualquer cenário, inclusive o mais difícil,” confidenciaram interlocutores do presidente, destacando a preocupação com o impacto da renovação de dois terços do Senado em 2026.
Foco em alianças e nomes de peso
Para enfrentar esse desafio, Lula orientou o PT a concentrar esforços em candidaturas viáveis, mesmo que sejam de partidos aliados, como PSD, MDB e Republicanos. Nas eleições municipais de 2024, o PT já iniciou uma política de redução de candidaturas próprias para preservar alianças estratégicas.
No Rio Grande do Sul, o ministro Paulo Pimenta (PT) deve abrir mão de uma possível candidatura ao governo para disputar uma vaga ao Senado. No Rio de Janeiro, o PT avalia apoiar Eduardo Paes (PSD) para o governo e lançar Benedita da Silva para o Senado.
Em São Paulo, Geraldo Alckmin é a principal aposta para enfrentar Eduardo Bolsonaro (PL-SP) na corrida ao Senado. Uma ala do PT defende que o partido não lance candidato ao governo estadual, priorizando recursos para as eleições legislativas.
No Mato Grosso, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD), é a prioridade para uma vaga no Senado, com o PT indicando apoio a um candidato aliado para o governo estadual. Já em Pernambuco, a expectativa é eleger dois senadores: Humberto Costa (PT), que tentará a reeleição, e Silvio Costa Filho (Republicanos).
E o Piauí?
As eleições para o senado em 2026 mudarão peças essenciais no tabuleiro político e, potencialmente, na governabilidade de Lula – se candidato à reeleição. Hoje com 39 senadores pró-governo e uma oposição formada por 29 parlamentares, além de 13 no “grupo neutro”, a configuração da casa pode mudar a partir dos nomes eleitos no Norte e Centro-Oeste, que, de acordo com avaliações no Planalto, podem eleger até 22 senadores de direita ou extrema-direita no próximo pleito.
No Piauí, apesar do governador Rafael Fonteles (PT) afirmar que estas discussões sobre o Senado só acontecerão com a proximidades da eleição, o deputado federal Júlio César (PSD) já afirmou que será candidato em 2026 e agora busca um lugar ao lado de Marcelo Castro na base governista com apoio do Partido dos Trabalhadores.
O encontro entre Rafael Fonteles, Gilberto Kassab e Júlio César, em São Paulo, cujo mote é “continuaremos juntos no Piauí, apesar da oposição nacional”, dá pistas do que pode acontecer. Poderia Júlio César, um político de carreira e extrema capilaridade no Piauí, ser fiel a Rafael no Piauí e a um projeto de governo lulista para os anos que se seguirão a nível federal?
O deputado Júlio César se encontra na Câmara Federal desde 1995, ainda no tempo do extinto PFL. Se em 2016 ele pôde, “em nome do Piauí”, votar pelo impeachment da presidente Dilma, quais garantias haveriam de que agora, ele pode seguir lado a lado com Lula? O parlamentar, que agora defende que PT e PP, de Ciro Nogueira, estejam juntos pela governabilidade, ficaria no navio ou sairia dele com facilidade a partir de uma avaliação sobre aonde está concentrado o poder?