Por Plinio Teodoro, colunista, na Fórum
O presidente Lula resolveu dobrar a aposta diante do golpe dos ricaços, um conchavo da terceira via com o Centrão para "sangrar" o presidente a partir da derrubada das mudanças no IOF perpetrada por Hugo Motta (Republicanos-PB).
Diante de uma multidão nas ruas de Salvador, em comemoração ao dia 2 de Julho, que marca a Independência do Brasil na Bahia, ocorrida há 202 anos, Lula ergueu uma placa em que pede a "taxação dos super ricos". A foto, de Ricardo Stuckert, foi rapidamente colocada no Flickr oficial da Presidência. Em seguida, a imagem foi publicada na rede X do presidente.
"Mais justiça tributária e menos desigualdade. É sobre isso", escreveu na publicação.
Antes do ato, ao lado do governador Jerônimo Rodrigues (PT) e da primeira-dama, Janja, Lula afirmou em entrevista à TV Bahia que não consegue governar se não recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF).
"Se eu não entrar com recurso no Poder Judiciário, se eu não for à Suprema Corte...ou seja, eu não governo mais o país, cara. Cada macaco no seu galho. Ele [Congresso Nacional] legisla, eu governo, sabe?", disse o presidente, escancarando a usurpação do Legislativo ao derrubar o decreto sobre o IOF.
Para Lula, o decreto foi derrubado por "pressão das bets, das fintechs, do sistema financeiro", em um conchavo com o Centrão, com vistas às eleições presidenciais de 2026.
"O dado concreto é que os interesses de poucos prevaleceram dentro da Câmara e do Senado, o que eu acho um absurdo. E veja, eu sou um cara agradecido ao Congresso, eu não sou um cara que tem rivalidade com o Congresso, que aprovou muitas coisas que a gente queria", afirmou, ressaltando que Motta e Davi Alcolumbre (União-AP), presidente do Senado, cometeram um "erro" ao descumprir o acordo feito com o governo.
"O erro, na minha opinião, foi o descumprimento de um acordo que tinha sido feito num domingo à meia-noite, na caso do presidente Hugo Motta. Lá estavam vários ministros, vários deputados. O companheiro Fernando Haddad, com a sua equipe, festejou o acordo no domingo", disse.
Lula ainda prometeu procurar novamente Motta e Alcolumbre, após a viagem que fará nesta quinta-feira (3) à Argentina, para discutir a questão do IOF.
"Quando eu voltar, eu tranquilamente vou conversar com o Hugo Motta, vou conversar com o Davi Alcolumbre, e vamos voltar à normalidade política desse país".
Lula também falou sobre o Dia da Independência na Bahia, que levará a data ao calendário nacional, mas que não deve decretar feriado pois, segundo ele, já tem muitos no país.
"As pessoas vão perceber que a Independência do Brasil, com todo respeito que eu tenho ao 7 de Setembro, decretado pelo imperador Dom Pedro I, o dado concreto é que apenas em 2 de julho de 1823 é que o povo baiano expulsou, definitivamente, os portugueses do Brasil. Então, eu digo sempre que pela mesma porta que entraram, saíram, e foi a Bahia que fez esse marco", afirmou.
"O Dois de Julho, para mim, é um dia muito, mais muito importante, porque foi um dia definitivo, onde os baianos disseram: 'O Dom Pedro já decretou a Independência, vocês 'pira' daqui, que nós queremos ser donos do Brasil'. Essa é uma coisa fantástica, que o povo tem que saber. É um reconhecimento histórico", emendou.