Por Ricardo Noblat, jornalista, no Metrópoles
Tão cedo, Lula e seus companheiros do PT se recuperarão do trauma que viveram durante a Operação Lava Jato, quando chegaram a admitir que levaria muito, muito, muito tempo para estarem de volta ao poder central do país, se é que um dia voltariam de fato.
Devem agradecer à Justiça acima de tudo, e a Bolsonaro em particular, que perdeu a eleição mais comprada da história do país. Só Lula seria capaz de derrotá-lo, e o fez com a ajuda involuntária da dupla Deltan Dallagnol e Sérgio Moro, seus algozes.
É por isso que Lula escolheu o advogado Cristiano Zanin para ministro do Supremo Tribunal Federal na vaga aberta com a aposentadoria de Ricardo Lewandowski. E será por isso que o próximo terá o mesmo perfil, não importa se homem ou mulher.
Nesse quesito e em outros mais, Lula e o PT estão de acordo. Quando divergem, Lula é quem manda e vai em frente. Uma crítica comum que líderes petistas fazem aos cochichos é que Lula 3 estaria muito à esquerda do partido. Não seria prudente.
O PT tem de privilegiar o eleitorado de esquerda, é seu principal nicho de mercado, e sempre será. Mas Lula é maior do que o PT e precisa da centro-direita para governar, como precisou nos seus dois mandatos anteriores, mais no primeiro do que no segundo.
Lula, reconhecidamente, é um homem de sorte. Mas é bom não abusar dela.