Líder do movimento Ocupas, estudante Ana Júlia é candidata a vereadora pelo PT

Jovem de 20 anos ficou nacionalmente conhecida por uma fala marcante na Assembleia Legislativa em defesa de uma ocupação estudantil

 Foto: Eduardo Matysiak/Futura Press
Ana Júlia Ribeiro, candidata do PT

Entrevistada em 2016 pelo jornalista Oscar de Barros, editor do  pensarpiauí, que na época, atuava no 180graus, a líder estudantil Ana Júlia Ribeiro é candidata a vereadora pelo PT em Curitiba nas eleições de novembro. Ganhou projeção nacional numa audiência pública na Assembleia Legislativa do Paraná, onde fez um discurso que intimidou os deputados presentes e viralizou na internet.

Naquele ano, a então estudante secundarista de 16 anos, causou comoção ao discursar na tribuna da Assembleia do Paraná por culpar os deputados estaduais presentes pela morte do estudante Lucas Eduardo Araújo Mota, assassinado dentro da escola Santa Felicidade, em Curitiba, por um colega, durante um movimento de ocupação das escolas públicas, que acontecia em todo o Brasil.

 Além da crítica aos deputados, a jovem fez um discurso defendendo o maior interesse dos políticos pela educação. “A nossa única bandeira é a educação. Somos um movimento apartidário, dos estudantes pelos estudantes”, disse Ana, vestindo a camiseta da sua escola.

Ana Júlia concedeu a entrevista a Oscar de Barros, em um Congresso do PT realizado em 2017. Na oportunidade ela ainda não era filiada ao Partido. Fora convidada ao Congresso para conhecer o PT e suas lideranças. Para o local do evento ela foi de carona com o presidente de honra do PT, Luis Inácio Lula da Silva que lhe aconselhou: "não se filie ao PT, primeiro, conheça o Partido".  Na entrevista a Oscar de Barros ela reclamou que os partidos e os sindicatos negam a juventude.

À frente de movimento Ocupas, Ana Julia lembra que desde 2016 os estudantes conseguiram mostrar para todos o debate absurdo que estava sendo feito às escondidas no Congresso durante o Governo Temer. “Éramos jovens, mas sabíamos que o nosso futuro dependia da nossa luta! Conseguimos chamar atenção e levar para o povo a discussão do orçamento da união e a formação de todas as crianças, adolescentes e jovens brasileiros”, lembra a candidata, eu seu perfil no Facebook.

“Primeiro veio o congelamento dos investimentos em saúde e educação por 20 anos e depois a reforma do ensino médio. Foram essas medidas que nos levaram a ocupar mais de 1.000 escolas por todo o Brasil”, lembra a jovem.

Ana Júlia lamenta que hoje, quatro anos depois, o ataque à educação continua, dessa vez mais forte. “O governo atual tenta a todo custo destruir o nosso futuro, cortando orçamentos essenciais para o funcionamento básico das escolas e universidades. Nós, os secundaristas de 2016, agora somos universitários. Se não nos faltou coragem no passado, agora vamos usar toda nossa força para juntos lutarmos em defesa da educação pública, gratuita, equitativa e de qualidade para todos”, diz a estudante de filosofia e direito.

Na última sexta-feira, dia 8, a Ana Júlia Ribeiro informou pelas redes sociais que a chapa do deputado estadual Fernando Francischini (PSL), candidato à prefeitura da capital paranaense, está a processando por conta de projeções feitas por sua campanha contra o presidente Jair Bolsonaro.

Uma das intervenções, projetadas em um prédio, trazia o número de 142 mil mortos por Covid-19 no Brasil e a frase “Fora Bolsonaro”, além do endereço da página da petista no Instagram.

“O lançamento da nossa campanha incomodou o PSL em #Curitiba. O partido resolveu entrar com um processo contra nossas projeções na cidade. Aqui a gente não baixa a cabeça! Não vão nos intimidar!”, escreveu Ana Júlia pelo Twitter.