Lei da Ficha Limpa: maioria da população é contra mudança que beneficiaria Bolsonaro

Levantamento aponta alta taxa de rejeição à alteração na lei que permitiria a Bolsonaro ser candidato em 2026

A pesquisa da Altas Intel divulgada neste domingo (16) revelou que a grande maioria da população brasileira é contra a proposta de alteração da Lei da Ficha Limpa que está em tramitação no Congresso Nacional. O Projeto de Lei Complementar (PLP) 141/2023, articulado por bolsonaristas na Câmara dos Deputados, propõe reduzir o tempo de inelegibilidade de condenados por abuso de poder político, passando de oito para dois anos. Essa mudança, caso aprovada, beneficiaria Jair Bolsonaro, atualmente inelegível, permitindo-lhe disputar a eleição de 2026. A proposta, de autoria do deputado federal Bibo Nunes (PL-RS), visa reabilitar o ex-presidente, mas especialistas consultados pela Fórum afirmam que a medida é inconstitucional e dificilmente passará pelo crivo do Supremo Tribunal Federal (STF).

A pesquisa Atlas Intel mostra que 83% da população brasileira é contra a alteração na Lei da Ficha Limpa, enquanto apenas 14% apoiam a proposta. Em resposta, Bolsonaro divulgou recentemente um vídeo em suas redes sociais defendendo não apenas a modificação na Ficha Limpa, mas também a revogação total da lei. No entanto, o ex-presidente distorceu informações sobre a legislação vigente e foi advertido com uma "nota da comunidade" na plataforma X (antigo Twitter).

Outro ponto de divisão na política brasileira, também destacado pela pesquisa, é a questão da anistia aos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. A pesquisa da Altas Intel revelou que 51% dos brasileiros são favoráveis ao perdão aos presos e financiadores dos ataques golpistas, enquanto 49% se mostram contrários. Este dado apresenta uma mudança em relação a uma pesquisa do Datafolha, de dezembro de 2024, que apontava que 62% da população era contra a anistia e apenas 33% a favor. Essa oscilação de percepção em pouco mais de dois meses tem gerado críticas de setores democráticos e progressistas, que se opõem veementemente à ideia de conceder qualquer tipo de perdão aos golpistas.

Além disso, a pesquisa também revela uma queda acentuada na confiança da população nas Forças Armadas. Sete em cada dez brasileiros (70%) afirmam não confiar nas Forças Armadas, enquanto apenas 24% demonstram confiança e 4% não souberam responder. O levantamento mostra uma queda drástica desde 2023, quando a confiança nas instituições militares era de 46%, em abril do mesmo ano. Desde então, o cenário se inverteu, com a confiança caindo para 36% em julho de 2023 e chegando agora ao patamar de 24%.

A pesquisa foi realizada entre os dias 11 e 13 de fevereiro, com 817 entrevistados, e possui margem de erro de três pontos percentuais. Esses dados refletem um momento de grande polarização e incertezas no cenário político brasileiro, com questões envolvendo a Lei da Ficha Limpa, a anistia aos golpistas e a confiança nas Forças Armadas dominando os debates no país.