247- A deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) usou o remédio Stilnox, medicamento à base de zolpidem, substância hipnótica usada para induzir o sono e que ganhou espaço nos últimos dias após a parlamentar informar que acordou em seu apartamento no último dia 18 com fraturas e hematomas pelo corpo. Joice disse ter sofrido um atentado.
A deputada revelou em entrevistas fazer uso do Stilnox, remédio à base de zolpidem, há cerca de 20 anos. As informações foram publicadas pelo jornal Folha de S.Paulo.
Após o caso, várias pessoas afirmaram que tiveram crises de sonambulismo, acompanhadas de apagões de memória e até a ocorrência de acidentes de carro, após o uso do medicamento.
De acordo com a assessoria de imprensa, "os médicos descartaram a possibilidade de uma queda acidental" ter provocado as escoriações.
As câmeras de segurança do prédio onde fica o apartamento funcional de Joice não registraram a entrada de alguma pessoa estranha entre os dias 15 e 20 de julho, informou a perícia da Polícia Legislativa, que apura o caso. Laudos também apontam que ela não deixou o apartamento no período.
O inquérito sobre o caso foi enviado para o Ministério Público Federal. A Polícia Civil do Distrito Federal também fez perícias no local.
Cerca de 5% dos pacientes que fizeram uso do zolpidem estão sujeitos a diminuição ou perda total da memória (amnésia). O especialista em marketing Ciro Nardi, 57, está dentro do pequeno grupo de 5%. Ele, que mora em São Paulo, começou a ter insônia depois de começar um trabalho pela internet com uma empresa de Portugal, país com diferença de fuso horário de quatro horas com o Brasil.
"Passei a dormir como um bebê com a nova medicação, mas, depois de um tempo de uso, percebi que estava com problema de memória recente. Minhas filhas diziam, por exemplo, que eu entrava durante a noite no quarto delas para brincar, e eu não me lembrava", disse.
No início deste ano, ele acordou ao bater o carro em um poste de madrugada. "Eu despertei com a batida. Não entendi nada. Não me lembrava de ter saído da cama, me vestido, aberto a garagem e dirigido ao longo de 12 quadras".
"A pessoa pode fazer e vivenciar coisas, que não ficam retidas na memória", afirma o psiquiatra Mauro Aranha.
De acordo com o médico, se a pessoa acordar durante as quatro horas em que o fármaco circula na corrente sanguínea, ela pode não se lembrar do que fez. "Mas, se despertar quando a substância não está mais circulando no corpo, provavelmente já estará consciente dos próprios atos", afirmou.
O especialista em tecnologia da informação Claudio Morales, 54, disse que não leu a bula antes de usar o remédio. Segundo ele, "quem lê bula não toma nenhum remédio, porque todos têm inúmeras restrições e contraindicações". "Tomei o zolpidem por indicação de um amigo", disse.