"João Gualberto; imprescindível educador e militante popular", Cantídio Filho

A criação no Piauí do PT, CUT, FAMCC, Escola Sindical Paulo de Tarso Morais, tiveram a sua significativa contribuição

Foto: Divulgação
João Gualberto

Por Cantídio Filho, jornalista, no acessepiaui 

OS QUE LUTAM

Há aqueles que lutam um dia; e por isso são muito bons;
Há aqueles que lutam muitos dias; e por isso são muito bons;
Há aqueles que lutam anos; e são melhores ainda;
Porém há aqueles que lutam toda a vida; esses são os imprescindíveis.

(Bertolt Brecht)

João Gualberto Soares foi um militante e educador popular brilhante da redemocratização pós 1964. Seu despertar social e político para o mundo teve a influência da "Opção Preferencial Pelos Pobres", lema praticado pelos pregadores da Teologia da Libertação, corrente progressista da Igreja Católica, atuante nos anos 1970 e 1980. 

As Comunidades Eclesiais de Base foram uma deliosa escola para Gualberto. O método Ver, Julgar e Agir serviu de farol para sua trajetória de lutas e conquistas. 

As tarefas de reunir, refletir, organizar, planejar e atuar junto às oposições sindicais resultou no Novo Sindicalismo, que nasceu no ABC paulista. Este movimento ampliou a formação de Gualberto que,  nos anos 1980 e 1990, influenciou na reorganização em solo piauiense do movimento popular e sindical, na formação política, surgimento de novas lideranças e protagonismo dos novos movimentos sociais. 

Ao lado dos professores Antônio José Medeiros e Merlong Solano, criou o CEPAC (Centro Piauiense de Ação Cultural), uma das principais ONGs piauienses desse período histórico, que foi responsável por semear e fomentar a reorganização da sociedade civil pós 1964.   

Gualberto por muitos anos ministrou cursos de formação sindical. Ajudou a escrever uma nova trajetória emancipatória de sindicatos de trabalhadores, como: Gráficos, Rodoviários, Comerciários, Vigilantes, Bancários, Professores, vários Sindicatos de Trabalhadores Rurais, etc. 

A criação no Piauí do PT, CUT, FAMCC, Escola Sindical Paulo de Tarso Morais, tiveram a sua significativa contribuição.

Adorava debates sobre conjuntura, gostava de ouvir, conversar, refletir e contribuir sobre rumos do sindicalismo, movimentos sociais, política, formação sindical, Partido dos Trabalhadores.   

Deixa lições de compaixão, simplicidade, acessibilidade e de solidariedade a luta dos trabalhadores brasileiros.

João Gualberto tinha guardado em sua casa o acervo do Cepac, a memória dessa entidade que ajudou na projeção lideranças e intelectuais, como: Antonio José Medeiros, Wellington Dias, Regina Sousa, Professora Bonfim, Maria Francisca, Paulo de Tarso, Francisca Trindade, Merlong Solano, Marcelino Fonteles, Francisco Limma, Décio Solano, Evaldo Ciríaco, Efrem Ribeiro, Cantídio Filho, Manuel Veras, Valéria Silva, José Pereira, Manuel Otávio, Edilson Farias, José Osmar, Ana Lúcia, Francisco Passos, Professor Pacheco, Benedito Carlos, Loisima Miranda, Raimundo Pereira, Herbert Buenos Aires, Lucineide Barros, Amália Rodrigues, Sérgio Miranda, Adail Ribeiro e muitos outros(as).   

João Gualberto, seu maior legado foi ter priorizado lutas e valores coletivos!