Janones alavanca campanha virtual de Lula e vira alvo de bolsonaristas

Fenômeno das redes, parlamentar mineiro turbina engajamento de Lula na internet e vira alvo de ataques da militância bolsonarista

Foto: Reprodução/Facebook
Lula e Janones

A militância bolsonarista está preocupada com a desenvoltura de André Janones (Podemos-MG) nas redes sociais e no efeito que o deputado federal está tendo na estratégia digital da campanha do petista Luiz Inácio Lula da Silva.

Desde que desistiu da corrida presidencial para apoiar Lula, no início de agosto, Janones tem sido cada vez mais atacado por apoiadores do presidente da República, que buscam desqualificar, ridicularizar e provocar o parlamentar mineiro – que tem usado os ataques como combustível para gerar ainda mais engajamento às redes de Lula e para ele mesmo, que agora é candidato à reeleição na Câmara.

Os bolsonaristas atacam Janones em respostas aos posts do parlamentar; muitas vezes usando vídeos nos quais o mineiro criticava Lula quando ainda estava em pré-campanha pela Presidência. Também fazem postagens em todas as redes e vídeos no YouTube resgatando polêmicas como a acusação pela prática de rachadinha com o salário dos funcionários de gabinete – que Janones nega.

As reações partem até mesmo de alguns dos influenciadores mais próximos de Bolsonaro. O assessor do presidente para assuntos internacionais, Felipe Martins, que dá expediente no Palácio do Planalto, retuitou, na última terça-feira (16/8), uma notícia sobre o episodio no qual Janones não soube dizer, em uma entrevista em abril deste ano, quem é o presidente da Argentina (que é Alberto Fernandez, aliado de Lula).

O fator Janones

Deputado federal em primeiro mandato e considerado parte do chamado “baixo-clero” da Câmara, grupo de parlamentares sem poder para agendar as pautas do Legislativo Federal, Janones ganhou importância por ostentar um desempenho na internet que supera o engajamento de nomes fortemente consolidados, como o próprio Lula.

No Facebook, por exemplo, Janones tem 7,9 milhões de seguidores, o que está longe dos 14 milhões que seguem Bolsonaro, mas é bem mais do que os 5 milhões que seguem o Lula. Para além dos seguidores, chama a atenção a capacidade de engajamento do parlamentar. No final de 2020, por exemplo, o deputado gravou um vídeo ao vivo no Facebook, com cara de improvisado e cenário com seu gabinete e funcionárias ao fundo, defendendo o valor de R$ 600 para o Auxílio Emergencial contra o coronavírus. Em pouco tempo a transmissão de menos de cinco minutos bateu recordes de visualizações e se tornou a live mais comentada no mundo ocidental na plataforma.

Guerra Santa

Evangélico ligado à Igreja Lagoinha, que tem dirigentes que apoiam Bolsonaro com entusiasmo, Janones também tem assumido o papel de fazer um contraponto lulista à “guerra santa” provocada pela campanha bolsonarista, que acusa o petista de ser um perseguidor de cristãos.

Carinho de Lula

Da parte de Lula e do PT, por outro lado, a parceria com Janones tem sido muito valorizada. O novo aliado tem ganho um espaço privilegiado na campanha, com suas postagens sendo compartilhadas pelos perfis de Lula e com constantes afagos. “Janones pode contribuir muito para nossa candidatura, fazendo as denúncias que tem que ser feitas contra o aumento dos alimentos, contra a fome”, escreveu o candidato à presidência, no último dia 17 de agosto. “Ele vai ser um grande parceiro nesse processo eleitoral. E vamos precisar de muita gente para reconstruir o Brasil”, continuou ele, sinalizando um papel de Janones até mesmo no governo.

Ao anunciar comício de Lula em Belo Horizonte na última quinta (18/8), os perfis da campanha do petista anunciaram as presenças do candidato a vice, Geraldo Alckmin, do pleiteante ao governo, Alexandre Kalil (PSD) e do candidato a senador na chapa, Alexandre Silveira (PSD). De candidatos a deputado, o único nome citado foi o de Janones.

Entre integrantes mais conservadores da comunicação petista, a estratégia de Janones ainda é vista com desconfiança, porém. Mas o mineiro, até agora, tem conseguido vencer essa resistência.

Com informações do Metrópoles