Imprensa sofre um ataque por segundo nas redes, diz estudo

A análise apontou ainda que o foco prioritário da violência contra a imprensa nas redes são profissionais mulheres

Foto: Reprodução/Tv clube
Sabatina no Piauí TV 1

Dcm - A ONG Repórteres sem Fronteiras divulgou na quara feira (14) que desde o início da campanha eleitoral foram computados pouco mais de 2,8 milhões de ataques contra a imprensa nas redes sociais. O número equivale, na média, a pouco mais de uma agressão virtual a jornalistas por segundo ao longo do primeiro mês de disputa política. A análise apontou ainda que o foco prioritário da violência contra a imprensa nas redes são profissionais mulheres.

“Em geral, essas agressões articulam termos misóginos ou ofensas de cunho íntimo”, pontua um trecho do relatório da Repórteres sem Fronteiras. Não por acaso, entre os termos mais utilizados para atacar a imprensa aparecem, por exemplo, expressões como “vagabunda”, “vaca”, “velha” e “feia”. Com informações do Globo.

De acordo com o levantamento, a jornalista mais atacada nas redes vem sendo Vera Magalhães, colunista do GLOBO e da CBN. Ela foi alvo, sozinha, de 26.706 mensagens agressivas, o equivalente a uma ofensa a cada um minuto e meio, aproximadamente. Na sequência, aparecem Miriam Leitão (3.832), William Bonner (1.650), Andréia Sadi (1.550), Eliane Cantanhêde (1.468), Milton Neves (1.279), Mônica Bergamo (1.198), Ricardo Noblat (891), Reinaldo Azevedo (793) e Renata Vasconcellos (458).

Além do boom por conta do episódio no debate da Band, as agressões a jornalistas também tiveram pico na semana de 22 a 28 de agosto, quando o Jornal Nacional, da TV Globo, entrevistou os presidenciáveis mais bem colocados nas pesquisas de intenção de voto. No período, os principais alvos dos ataques foram os dois apresentadores do telejornal, William Bonner e Renata Vasconcellos.

O levantamento da ONG também detectou quais são os perfis que mais agridem jornalistas nas redes sociais. Além de influenciadores e perfis anônimos, que têm em comum o “fato de serem fortes defensores de Bolsonaro e de suas ideias e propostas”, conforme consta no texto, o maior alcance acaba partindo de contas pertencentes a autoridades, como o próprio presidente.

O projeto, realizado em parceria com o Laboratório de Estudos sobre Imagem e Cibercultura (Labic) da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), especializado em redes sociais, mensura a hostilidade contra a imprensa a partir do monitoramento dos perfis de 120 jornalistas e figuras públicas, trabalho que seguirá em curso até o fim do segundo turno. O total exato de ofensas do gênero publicadas até o momento é de 2.865.845 postagens, que incluem ainda o uso de 264 diferentes hashtags na articulação das agressões cibernéticas.

No Piauí 

No Piauí, também tivemos registro de ataque a membros da imprensa, mas o que chama atenção na disputa eleitoral deste ano, é o fato do candidato do Silvio Mendes (União Brasil), apoiado por Jair Bolsonaro, com frequência destratar pessoas da imprensa. Entre os casos está o momento em que Silvio utilizou um termo racista durante uma sabatina com a jornalista Kátia D'Angeles, da rede Meio Norte. Ele usou uma frase preconceituosa ao se referir à jornalista. “Você é quase negra na pele, mas é inteligente", disse. 

Outro momento ocorreu na quarta-feira (14), o candidato bolsonarista voltou a gerar polêmica durante uma sabatina no programa Piauí TV, na rede Clube. O jornalista Marcos Teixeira fez uma pergunta citando o ex-presidente Lula, e Silvio acabou falando em tom agressivo e questionando se o jornalista era do Partido dos Trabalhadores (PT). 

“Marcos, eu acho que você é petista", disparou.

Outra jornalista agredida por meio das redes sociais, foi Cínthia Lages. Em sabatina na TV Meio Norte, durante entrevista com outro candidato do Bolsonaro no Piauí, o coronel da Polícia Militar, Diego Melo (PL), ela percebeu que ele estava armado e disse ter medo de continuar o diálogo. Depois disso a jornalista sofreu vários ataques e passou por situações vexatórias.

O presidente Jair Bolsonaro adotou o costume de atacar comunicadores e seus aliados nos estados reproduzem o comportamento padrão do presidente. Se candidatos a cargos eletivos como Silvio Mendes e Diego Melo se sentem a vontade para agredir jornalistas, o cidadão comum que utiliza das redes sociais diversas e que segue as orientações bolsonaristas também se sentirá nesse mesmo direito. Essas agressões precisam chegar ao fim.