Hugo Motta não engoliu derrota para Supremo e prepara guerra

Prepara carta ao STF e intensifica ofensiva contra a Corte

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), já articula sua próxima ofensiva contra o Supremo Tribunal Federal: segundo apuração da Fórum, ele pretende divulgar uma carta pública criticando duramente a decisão da Corte que invalidou a manobra parlamentar para livrar o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) e outros aliados de Jair Bolsonaro de um processo por tentativa de golpe de Estado. A justificativa de Motta, de acordo com interlocutores, será a de que o STF estaria ferindo a independência entre os poderes — argumento frequentemente utilizado pelo bolsonarismo para justificar ataques ao Judiciário.

A iniciativa marca mais um capítulo do confronto crescente entre o Legislativo, sob comando de Motta, e o Judiciário. A carta, ainda em elaboração, deve seguir a cartilha discursiva do bolsonarismo, que insiste na ideia de que o Congresso pode agir à margem da Constituição e imune à fiscalização da Suprema Corte. A ofensiva chega após o Supremo, por unanimidade (5 a 0), decidir pela ilegalidade da votação na Câmara que tentava salvar Ramagem e demais envolvidos na trama golpista.

A tentativa de blindagem foi autorizada por Motta, mesmo diante da flagrante inconstitucionalidade da medida — algo que ele sabia de antemão, conforme apuração da reportagem. A decisão do STF ainda aguarda formalidades para ser concluída oficialmente, mas o placar já está fechado. Assim que o processo for finalizado, Motta pretende escalar ainda mais o conflito institucional.

Nos bastidores do Supremo, a avaliação é clara: a atitude de Motta não passa de uma provocação com objetivos políticos, voltada a acirrar tensões entre os poderes. Ministros veem a postura do deputado como uma “molecagem” que tenta sabotar o funcionamento das instituições democráticas. Apesar disso, a orientação interna na Corte é manter o foco nos julgamentos em curso e não se deixar arrastar para o confronto direto com o presidente da Câmara.

No STF, o recado é direto: os processos sobre a tentativa de golpe de Estado continuarão, e quem tiver que ser condenado e preso, será — independentemente das cartadas políticas vindas do outro lado da Praça dos Três Poderes.