Guedes fala sobre aumento para professores e irrita aliados do governo: “Joga contra”

Ministro da Economia é contra o aumento salarial dos professores

Foto: Reprodução
Paulo Guedes

Paulo Guedes participou de uma live nessa sexta (28) e deixou claro que é contra o reajuste salarial dos professores. O ministro da Economia afirmou que o Brasil ainda vive “período de guerra” e não vê o menor sentido em um aumento para os docentes. Tal posicionamento irritou aliados do presidente Bolsonaro.

Segundo informações do DCM, o presidente da República não era favorável ao reajuste. Na opinião dele, o foco deveria ser os policiais federais. Porém, parlamentares do Centrão explicaram que um aumento aos docentes poderia facilitar as negociações para o reajuste da PF.

Após um período de negociação, o chefe do executivo federal concordou com a proposta. Ao conversar com Guedes, escutou reclamações, mas o ministro acatou a decisão do patrão. Só que ele soltou os cachorros na transmissão de ontem, evidenciando sua insatisfação com o assunto.

"Se nós estávamos em home office, nós do funcionalismo, fazendo live, fazendo o distanciamento social necessário do ponto de vista de não forçarmos o sistema hospitalar [...]. Se nós estávamos numa situação dessa, não faria o menor sentido os professores, em casa, fazendo aula à distância quando podiam, os alunos também em distanciamento, qual o sentido de pedir reajuste de salário?", questionou ele durante a apresentação dos resultados do Tesouro em 2021.

O ministro associou o menor déficit nos gastos do governo central, que teve o melhor resultado desde 2014, à contenção de gastos com salários.

"Mesmo agora, quando temos essa crise ainda conosco nessa variante ômicron", continuou. "Temos que ter cuidado com os salários, porque ainda estamos em guerra e temos que pagar pela nossa guerra, em vez de empurrar os custos para as futuras gerações".

A fala do ministro acontece após o presidente Jair Bolsonaro (PL) anunciar um aumento de 33,24% no piso salarial de professores da educação básica. Ao jornal Folha de S. Paulo, a Confederação Nacional de Municípios (CNM) estimou que o reajuste deve custar R$ 30 bilhões aos cofres municipais.

Paulo Guedes irrita aliados de Bolsonaro

Agradar os professores era um grande trunfo do Centrão para alavancar a popularidade de Bolsonaro. Porém, com a frase de Guedes, os parlamentares acreditam que vai prejudicar a imagem do presidente.

“Não sei o motivo de ter ainda um ministro da Economia que joga contra o governo. O presidente reclama das entrevistas do Mourão, mas o Guedes é muito pior. Sempre tem uma alfinetada, alguma palavra criticando as decisões políticas do governo. Muito ruim”, reclamou um senador da base aliada ao DCM.