O governo Bolsonaro ignorou a Constituição brasileira ao emitir uma nota sem condenar a invasão da Ucrânia pela Rússia. A carta do Itamaraty sobre o assunto sequer usa o termo guerra ao preferir se referir à hostilidades.
A Constituição brasileira diz que a não-intervenção é um dos princípios que rege o Brasil nas suas relações internacionais. “O Brasil estaria perfeitamente respaldado pela Constituição para repudiar as ações russas”, resumiu o professor de Relações Internacionais na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Mauricio Santoro.
Para ele, a nota do Itamaraty foi “bastante vaga, bastante moderada, sem condenação ao governo russo”.
Santoro lembra que o Brasil se opôs até mesmo a guerras populares e com aval da Organização das Nações Unidas (ONU), como a primeira invasão do Iraque pelos Estados Unidos.
Entretanto, o professor não espera isso por parte de Jair Bolsonaro. “O Brasil está muito convulsionado internamente, é um ano eleitoral, não tem menor possibilidade de o governo Bolsonaro ter posição coerente em relação ao assunto”, avaliou.
A declaração de Bolsonaro em solidariedade à Rússia quando o presidente brasileiro se encontrou com Vladimir Putin já tinha soado mal para a comunidade internacional, lembrou Santoro. Agora, ele espera um crescimento da pressão internacional no Brasil.
Com informações da coluna de Guilherme Amado