Após a freira brasileira Aline Pereira Ghammachi, de 41 anos, ser destituída como abadessa do Mosteiro Cistercense dos Santos Gervásio e Protásio, na Itália, afirmando ser vítima de machismo e perseguição por “ser bonita demais”, outras 12 freiras, em solidariedade, também deixaram os cargos. A iniciativa foi baseada em denúncias anônimas de maus-tratos e desvio de recursos – todas arquivadas por falta de provas, segundo Aline.
“O abade-presidente me ligou para dizer que o Vaticano havia recebido uma carta anônima com acusações absurdas. Foi como um soco no estômago”, relatou a religiosa ao Uol, em Vittorio Veneto. Ela criticou a falta de transparência: oito inspeções foram realizadas desde 2023, mas nenhum relatório foi compartilhado com ela, que também não teve direito a defesa formal.
Pequena, de olhos azuis e sorriso resistente, Aline atribui sua expulsão às transformações que implementou no mosteiro e à resistência a uma liderança feminina. “É machismo aliado ao abuso de poder de quem não aceita ver uma mulher no comando”, denunciou. A freira agora aguarda resposta do Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica, instância máxima da justiça eclesiástica.
Aline acredita que sua expulsão, logo após a morte do papa Francisco, foi influenciada por “pré-conceitos sobre ser mulher, jovem e brasileira”. Ela também afirmou que o abade-chefe, frei Mauro Giuseppe Lepori, fez comentários sexistas, dizendo que ela era “bonita demais para ser abadessa, ou mesmo para ser freira”, e a expôs ao ridículo.