O Palmeiras está nas quartas de final da Copa do Mundo de Clubes, e o responsável direto por isso tem nome, história e fé: Paulinho. O atacante marcou o gol da vitória por 1 a 0 sobre o Botafogo, na prorrogação, e foi além das quatro linhas. Ao balançar as redes, Paulinho não celebrou apenas um avanço esportivo — celebrou sua ancestralidade, sua espiritualidade e sua firme ligação com Exu, orixá do Candomblé que rege os caminhos, a comunicação e a força de seguir em frente.
Conhecido fora dos gramados como Paulo Henrique Sampaio Filho, o jogador do Palmeiras vem se destacando não só por sua habilidade com a bola, mas também por ser uma das vozes mais firmes entre os poucos jogadores que expressam publicamente sua fé nas religiões de matriz africana. Criado em uma família ligada ao Candomblé e à Umbanda, Paulinho leva para o campo a força simbólica dos orixás — especialmente Exu e Oxóssi. E faz disso sua identidade.
A relação entre fé e futebol nunca foi tabu para ele. Em 2021, durante as Olimpíadas de Tóquio, ao marcar o quarto gol da vitória por 4 a 2 sobre a Alemanha na estreia da seleção brasileira, Paulinho simulou o disparo de uma flecha para homenagear Oxóssi. O gesto emocionou praticantes e devotos, em um ambiente esportivo ainda dominado por expressões evangélicas. Já em 2023, após ser convocado por Fernando Diniz para defender a Seleção Brasileira nas Eliminatórias, voltou a recorrer às redes sociais para reafirmar sua crença: “Nunca foi sorte, sempre foi Exu”.
Depois do jogo contra o Botafogo, ele manteve a discrição de sempre, mas sua presença em campo já dizia muito. “Eu me sinto tranquilo, cultuando minha religião com muito orgulho. Nunca sofri preconceito diretamente, mas a gente sabe que ele existe”, afirmou em entrevista anterior à ESPN. “A Umbanda e o Candomblé são, para mim, uma filosofia de vida. Algo que me move.”
Em um esporte onde a maioria dos jogadores professa a fé cristã — e onde não são raros os episódios de intolerância religiosa — Paulinho vai na contramão. Não por provocação, mas por convicção. E por respeito à própria trajetória. Neste Palmeiras competitivo e multicultural, o “filho de Exu” não apenas abriu os caminhos da vitória. Ele os iluminou.