Ficou muito fácil escolher o lado certo da História

Ficou muito fácil escolher o lado certo da História

Aos indecisos sobre o momento político brasileiro, há uma questão importante a ser definida: do lado de quem querem estar? Dos peemedebistas Eduardo Cunha, Romero Jucá e Eliseu Padilha, que já foram citados em vários escândalos e sacramentaram a traição contra a presidente Dilma Rousseff? Dos tucanos José Serra e Aécio Neves que foram a Portugal pregar a ruptura da ordem democrática? Ou de Letícia Sabatella, que mesmo fazendo oposição ao governo da presidente Dilma Rousseff, foi ao Palácio do Planalto defender a democracia? Quem sabe, então, de Chico Buarque, que, depois de ter vivido 1964, agradeceu aos jovens que foram às ruas ontem e lhe deram a certeza de que a tragédia do passado não se repetirá no presente? Ou, ainda, de Wagner Moura, que, num artigo cristalino, cravou que Dilma é vítima de um golpe clássico? Nunca foi tão simples optar entre o certo e o errado
Em tempos de intensa polarização política, milhões de brasileiros já foram às ruas para se manifestar contra e a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff. Se no dia 13 de março, multidões defenderam sua saída, o troco veio nos dias 18 e 31 do mês passado, quando muitos gritaram, em várias cidades do País, o coro "não vai ter golpe".
No entanto, há ainda aqueles que permanecem indecisos. Discordam dos rumos do governo e sofrem com a crise econômica, que, em grande medida, decorre da crise política, mas também sentem o cheiro de algo estranho no ar.
A estes, os fatos da semana podem ter sido pedagógicos. Tudo começou com a traição do PMDB à presidente Dilma Rousseff, imortalizada numa foto constrangedora, que uniu Eduardo Cunha, Romero Jucá e Eliseu Padilha como os futuros donos do poder, ao lado do vice-presidente Michel Temer (leia em http://www.brasil247.com/pt/247/poder/223177/A-foto-que-constrange-o-movimento-golpista.htm).
Em Portugal, num seminário organizado pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), responsável maior pela crise, por não ter aceitado sua derrotada nas urnas, voltou a defender que seu golpe não é golpe (leia em http://www.brasil247.com/pt/247/minas247/223540/Em-Lisboa-A%C3%A9cio-volta-a-dizer-que-seu-golpe-n%C3%A3o-%C3%A9-um-golpe.htm). E o senador José Serra (PSDB-MG), que prometeu abrir o pré-sal à norte-americana Chevron, disse que se os militares tivessem a mesma força do passado, o golpe já teria ocorrido (leia em http://www.brasil247.com/pt/247/brasil/223418/Serra-se-militares-fossem-mais-fortes-j%C3%A1-teria-havido-golpe.htm).
Democracia e resistência
No campo oposto, a semana foi também marcada por manifestações emblemáticas. No artigo mais importante da semana, o ator Wagner Moura afirmou que Dilma está sendo vítima de um golpe clássico (leia em http://www.brasil247.com/pt/247/cultura/223135/Wagner-Moura-Dilma-%C3%A9-v%C3%ADtima-de-um-golpe-cl%C3%A1ssico.htm)
Ontem, foi a vez da atriz Letícia Sabatella, em meio a diversos artistas e intelectuais, se pronunciar em defesa da democracia, no Palácio do Planalto, mesmo sendo opositora ao governo da presidente Dilma (leia em http://www.brasil247.com/pt/247/cultura/223374/Let%C3%ADcia-Sabatella-Querem-tirar-Dilma-n%C3%A3o-pelo-erro-mas-pelo-acerto.htm). À noite, Chico Buarque, uma das vítimas do golpe militar de 1964, agradeceu aos jovens que se manifestavam em defesa da democracia no Rio de Janeiro. Segundo ele, essas pessoas lhe davam a segurança de que a tragédia do passado não se repetirá no presente (leia em http://www.brasil247.com/pt/247/rio247/223456/Chico-Buarque-ningu%C3%A9m-pode-questionar-a-integridade-de-Dilma.htm)
A verdade é que nunca foi tão fácil escolher entre o certo e o errado, não apenas no presente, mas também diante da História.