Forum - Edine Sousa Correira, que alega ter sido amante do ex-ditador, o general João Baptista Figueiredo, foi demitida do extinto SNI (Serviço Nacional de Informações) em 1986, quando José Sarney assumiu a Presidência após a ditadura.
Ela entrou com um pedido na Comissão de Anistia do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos de reconsideração de anistia. A ex-servidora, que tem hoje 66 anos, alega ter sido vítima de perseguição política devido ao seu romance com o general, que era casado com Dulce Figueiredo.
O militar não tinha uma boa relação com Sarney —e não quis passar a faixa para o sucessor. Edine pede uma indenização.
Reanalisado por Bolsonaro
O caso, que foi negado por falta de provas em 2004, será reanalisado pelo governo de Jair Bolsonaro (PL), entusiasta da ditadura, após recurso de Edine.
A pasta, por sua vez, diz que o caso foi "erroneamente arquivado" e que os documentos ficaram esquecidos nas caixas do acervo do ministério —em 2004, a tramitação do processo era feita de forma física.
"Uma vez detectada a pendência, esta pasta adotou todas as medidas para que o pleito seja devidamente apreciado", diz o ministério.
O caso já está com a ministra Cristiane Britto para ser analisado. A comissão tem caráter consultivo, e a decisão final sobre a concessão do benefício cabe a ela.
A comissão, que foi criada para reparar vítimas e responsabilizar agentes da ditadura, já recebeu mais de 79 mil pedidos de indenização. Deste total, 74 mil foram arquivados e 4.006 aguardam análise.