Estudante picado por cobra é investigado por tráfico de animais

A Polícia Civil do Distrito Federal investiga o caso. Além de tráfico de animais, o jovem pode responder por maus-tratos.

Foto: UOL
Pedro Krambeck, 22, foi picado por uma naja, na última terça-feira (07).

 Fonte: UOL

O estudante de veterinária Pedro Henrique Santos Krambeck Lehmkul, de 22 anos, acordou do coma, após ser picado por uma cobra naja. O jovem está na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Maria Auxiliadora, desde a última terça-feira (07). Ele ainda respira por ventilação mecânica. A unidade afirmou que ele apresentou uma "leve melhora", mas a situação ainda é grave, o estudante está com necrose no braço e lesões no coração, causadas pelo veneno da cobra.

A Polícia Civil do Distrito Federal investiga o caso como tráfico de animais. Segundo o delegado Ricardo Bispo, na casa do jovem, os policiais encontraram objetos que indicavam que no local eram criadas outras serpentes. Após uma denúncia anônima, o BPMA-DF (Batalhão da Polícia Militar Ambiental do Distrito Federal) encontrou 16 cobras exóticas em uma fazenda no Núcleo Rural Taquara, em Planaltina, a 73 km de distância de onde o estudante foi picado. "Com o apoio do Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais], conseguimos confirmar que ele criava animais proibidos na casa dele. Após ouvirmos algumas pessoas, chegamos a um grupo de estudantes de veterinária de classe média para alta que tem interesse em estudar animais exóticos e, por isso, obtinha esses animais. Esse grupo tinha até um presidente", explicou o delegado.

Foto: Polícia Militar Ambiental do DF
Após denúncia, a Polícia apreendeu as serpentes exóticas criadas em cativeiro.

O jovem que foi picado seria dono de todas as serpentes. As cobras foram encotradas dentro de caixas, escondidas em uma baia de cavalo. O caseiro da fazenda informou aos policiais que o amigo da vítima deixou os animais no dia do ocorrido à noite."O caseiro nos informou que um amigo do jovem que foi picado é conhecido do dono da fazenda. Ele apareceu ontem no local com as 16 caixas, disse que deixaria por lá e buscaria no dia seguinte. O caseiro também relatou que ele foi embora com uma cobra, possivelmente a naja que encontramos no shopping", disse o delegado.

Segundo a polícia, existe a suspeita de que mais serpentes exóticas do estudante estejam escondidas. Além de tráfico de animais, o jovem pode responder por maus-tratos. A polícia teve dificuldades para encontrar a cobra, que só foi localizada após horas de busca. A naja estava dentro de uma caixa em um local próximo a um shopping no Setor de Clubes Sul. Segundo o batalhão, só depois de muita conversa que um amigo da vítima informou sobre a localização da cobra.

A naja, de acordo com a Polícia Militar, era criada ilegalmente na casa de Lehmkul. Nas redes sociais, o estudante de veterinária publicava várias fotos com cobras. Depois do caso ser publicado na mídia, as imagens foram apagadas. O animal está na Fundação Jardim Zoológico. Segundo o Ibama, só poderá sair do local quando um soro, contra o veneno da naja, for produzido. As serpentes foram encaminhadas para a 14ª Delegacia de Polícia, no Gama, onde a existência delas será incorporada ao processo. Após o procedimento, serão encaminhadas ao Ibama para reconhecimento das espécies.

Foto: Polícia Militar Ambiental do DF
A serpente foi encontrada dentro de uma caixa, após horas de busca.

O Ibama informou que o estudante de medicina veterinária será multado — o valor pode variar entre R$ 500 e R$ 5 mil. O Ibama afrima que a naja tem coloração diferente da apresentada por sua espécie, sem melanina. Por isso, acredita-se que ela nasceu e foi mantida em cativeiro. O animal não deve ficar no zoológico e provavelmente será encaminhado para um instituto de pesquisa.