O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, termina o primeiro ano de sua gestão em um cenário marcado por cansaço e frustrações. De acordo com informações apuradas por Malu Gaspar, de O Globo, o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) enfrenta especulações crescentes sobre sua possível substituição na reforma ministerial prevista para o início de 2025. Nos bastidores, aliados do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), articulam para que ele assuma o cargo após o término de seu mandato.
Lewandowski aceitou o posto como uma missão pessoal, atendendo a um convite do presidente Lula (PT) após sua aposentadoria no STF. No entanto, fontes próximas ao ministro relatam uma crescente sensação de isolamento político e a ausência de suporte consistente dentro do governo. As principais críticas à sua gestão envolvem dificuldades em negociações políticas e a morosidade na tramitação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública, que busca unificar protocolos policiais e fortalecer o Sistema Único de Segurança Pública (SUSP).
Resistências regionais e embates internos
A PEC da Segurança Pública tem enfrentado resistência significativa de governadores, especialmente de Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Cláudio Castro (PL-RJ) e Ronaldo Caiado (União Brasil-GO). Eles rejeitam ceder parte do controle de suas polícias estaduais para a União. Apesar das críticas, Lewandowski atribui a responsabilidade pelo atraso à Casa Civil, chefiada por Rui Costa (PT). Em conversas reservadas, o ministro aponta que o projeto ficou engavetado por meses, devido à falta de articulação política do gabinete.
A tensão atingiu seu ápice em outubro, quando Rui Costa finalmente reuniu os governadores para debater a proposta. Após a reunião, no dia 10, Lewandowski, visivelmente irritado, declarou que as negociações estavam praticamente encerradas. “Eu tenho a impressão de que está encerrada [a negociação com os governadores]. É claro que, se houver outras sugestões, serão bem-vindas e examinadas com relação ao seu mérito”, afirmou o ministro.
Pressões para substituição crescem
Dentro do governo, o desempenho de Lewandowski está sendo monitorado de perto. As pressões para sua saída ganharam força diante de avaliações de que seu perfil técnico não conseguiu superar as resistências políticas à PEC. Para aliados de Rodrigo Pacheco, a experiência do senador no Congresso o tornaria mais apto para liderar as articulações necessárias no Ministério da Justiça.
Apesar do cenário de insatisfação, interlocutores do Palácio do Planalto indicam que o presidente Lula ainda não tomou uma decisão definitiva sobre a permanência de Lewandowski no cargo. A reforma ministerial de 2025 será decisiva para o futuro do ministro e da agenda de segurança pública do governo.